sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Você não entende os conflitos entre árabes e judeus?

Galera do bem: mais triste do que toda essa guerra histórica entre palestinos e israelenses, é ignorarmos os porquês desse conflito e sairmos por aí reproduzindo as mesmas asneiras e pensamentos "senso comuns" de sempre, alimentados pela parcialidade pró-estadunidense da Rede Globo de Televisão e tantas outras fontes ignorantes de informação. É aquilo mesmo: ninguém mais sabe dizer "eu não sei".
Portanto, vamos tentar aprofundar essa discussão aqui no blog, que tem essa proposta/capacidade de reflexão e análise:
Mapa da região que divide Israel da Faixa de Gaza
Origens - Ao final do século XIX, durante o primeiro encontro sionista, ficou acertado que os judeus voltariam a "terra santa". Pois bem, se você faltou a essa aula de história, é sempre válido lembrar que os romanos haviam expulsado os filhos de Israel de lá, nos idos de III d.c.. Foi aí que começou a imigração judaica para a Palestina, que naquela época era governada pelas mãos de ferro do império Turco Otomano. Naquele tempo, viviam cerca de 500 mil árabes naquela região e 25 mil imigrantes judeus.
O problema é que os judeus se multiplicaram rapidamente, numa proporção assustadora. Em 1914, eles já eram mais de 70 mil e em 1948, somavam 600 mil pessoas. Logo, os confrontos se tornaram mais intensos de acordo com o aumento da imigração.
Sem essa de duplo Estado - Com o início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os embates entre os dois povos se tornaram mais intensos. Sim, mas por qual razão, cara pálida? Explico. É que os milhões de judeus que tiveram a sorte de fugir do Nazismo de Hitler resolveram fugir para onde, hein, hein? Adivinhe? Sim, para a Palestina - que foi se transformando numa verdadeira "casa da mãe Joana".
Em 1947, a Organização das Nações Unidas (que sempre teve um pé em Israel e o outro nos states) teve a magnífica, e, digamos, quase que socialista idéia de dividir a região em dois Estados: um árabe e o outro judeu, mas com uma condição: Israel seria o enclave internacional. Evidentemente, os árabes recusaram a proposta, que a grosso modo, significava o seguinte: além de os imigrantes judeus terem direito as terras dos árabes, eles seriam o "centro do universo" da região.
Imaginem os pernambucanos migrando em massa para a Bahia. De repente, o pessoal lá da terra do frevo se multiplica, fica em maior número e, em seguida, toma as terras dos baianos. Aí, vem a Controladoria-Geral da União e faz essa proposta para o nosso queridíssimo Jaques Wagner: governador, façamos o seguinte: vamos dividir a Bahia em dois Estados, um para a Bahia e o outro para Pernambuco... Que tal? Baita proposta, não? Mas, para quem?
Confrontos - Em 1948, Israel declarou independência. Como resposta, os exércitos da Jordânia, Líbano, Egito e Síria partiram para a ofensiva, mas foram todos derrotados. Sim, o poderío bélico israelense não é de hoje, caros amigos, afinal, os sionistas são experts quando o assunto é fazer "parcerias interessantes". Já em 1967, a chamada "Guerra dos Seis Dias" alterou o mapa de toda aquela região. Mais uma vez, os israelenses derrotaram a Jordânia, o Egito e a Síria, de uma só vez, conquistando as colunas do Goián e Jerusalém Leste.



Guerra dos Seis Dias: árabes, em farrapos, se rendem ao poder bélico de Israel.

Em 1973, sírios e egípcios (que não desistem nunca - viu só como Duda Mendonça não passa de um plagiador?) resolveram atacar o inimigo justamente no dia do Yom Kippur, o "Dia do Perdão" para os judeus. Bem, o final, todo o mundo sabe, penso eu: não foram perdoados pela ousadia e perderam novamente.

As intifadas - Se você teve saco para assistir a novela global "O Clone", certamente já ficou sabendo que a palavra Intifada, em árabe, significa "levante" ou "sacudida". A personagem Jade, interpretada pela bela Giovana Antonelli, cansou de levar as suas durante a trama (meu xará Benício é que fez a festa). Então, em 1987, tivemos a primeira Intifada. Os jovens árabes, assim como os soldados farroupilhas gaúchos (que na Guerra dos Farrapos enfrentaram o poder das tropas imperiais), saíram com a cara e a coragem nas ruas para protestar contra a ocupação de Israel, considerada ilegal pela ONU. Qual foi a ordem do exército israelense? Fogo!!! Mulheres e criancinhas que estão atirando pedras nos nossos tanques primeiro!

No ano 2000, o maluco-genocida do Ariel Sharon, então primeiro-ministro de Israel, conseguiu a proeza de provocar a ira de muçulmanos e judeus ao mesmo tempo, ao resolver dar uma caminhada nas cercanias da mesquita de Al-Aqsa e do Monte do Templo, localidades sagradas para as duas religiões. Era o começo da segunda Intifada. E tome sangue!

Hoje - Atualmente, Israel segue não dando ouvidos às resoluções da ONU, logo, trata-se de um Estado criminoso. Só para citar um exemplo, negligencia a resolução 242, que obriga o país a se retirar de todas as regiões ocupadas durante a Guerra dos Seis Dias. As negociações seguem há décadas, mas não conseguem avançar. Mas, por que? Basicamente, os dois motivos de sempre:
  1. Os palestinos se negam a reconhecer o Estado de Israel;
  2. Os judeus se negam a devolver os territórios conquistados.

Em suma, o problema é muito mais por conta de brigas relacionadas ao direito pelas terras daquela região, do que devido as diferenças religiosas, embora esse fator também interfira no embróglio, mas de forma secundária.

E como diria uma velha rima de um poema português, cujo autor, confesso, não sei quem é (ou foi): "Tudo isso existe/tudo isso é triste".







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