quinta-feira, 30 de abril de 2009

Gripe suína

Charge: Alexandre Oliveira

terça-feira, 28 de abril de 2009

CBF e site de notícias criam um "novo" estádio para Salvador (ou Itapu o quê?)

Você já ouviu falar no "Estádio Roberto Santos Metropolitano Itapuaçu"??? Não, não é? É que assim, descrito dessa forma, de fato não existe nenhuma praça esportiva no mundo. Mas o site oficial da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) resolveu criar esta nova nomenclatura ao recentemente reformado estádio Roberto Santos, mais conhecido como Metropolitano de Pituaçu, situado em Salvador (BA).

Senão, vejamos a notícia publicada nesta terça-feira, 28 de abril, referente a confirmação da capital baiana como sede para a partida entre Brasil x Chile, marcada para 9 de setembro, válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo:

"O Estádio Roberto Santos Metropolitano Itapuaçu, reinaugurado no dia 25 de janeiro deste ano, tem capacidade para 32.157 espectadores. O presidente Ricardo Teixeira espera o grande apoio do povo baiano à Seleção Brasileira".

Como se não bastasse tamanho erro, o site do jornal gaúcho Zero Hora simplesmente copiou e colou (control c, control v...) a informação do site da CBF, sem observar a falha, reproduzindo o erro:

Que maravilha, hein?...


O lamento dos sem nada...

Foto: Marco Aurélio Martins/Agência A Tarde
Por Carlos Eduardo Freitas [cadusongs@yahoo.com.br]

A manhã ensolarada tencionava ainda mais aquela cena insólita, que todos os olhos poderiam ver/
O difícil era crer/
Tamanha surpresa era testemunhar aquele povo, corajoso o bastante para aquilo fazer/

Como o sol que escalda o sertão do Nordeste brasileiro, não havia quem tivesse dinheiro/
Mas com fé no padroeiro/
Eles faziam um braseiro/
E dos seus ideais tinham zelo/
A ponto de o desespero não os incomodar/

A calçada de cimento/
Que nem um argueiro/
Servia de sustento para aquela ideologia alimentar/
Trapos em forma de roupas eram expostos no tempo/
Para tão rude sol secar/

Palhas, lonas e cordões/
Às vezes uns banheiros químicos, mas o banho era num cercadinho de galhos e madeira que a mãe natureza sem pressa lhes trás/
A cuia em uma das mãos/
Na outra, sabão/
E a companheira que um balde lhe traz/

Fumo, cachimbo e veias vermelhas no olhar/
O cheiro era intenso, que nem um peixeiro, após labutar e sem um banho tomar/
Aquele odor ia ligeiro às frágeis narinas aperrear/

Onde tem fumaça tem fogo, e o cinza do lugar/
Só servia para atenuar/
A cor de sangue que do estandarte deles ia brilhar/
Em vez de cruz, foice e enxada, pá e gadanho para a terra arar/

Mas terra é o que eles não têm/
E é por isso que vêm/
Na Seagri acampar/
Como um sopro de vida, a esperança implica, em saber relutar/
Espantando estereótipos, que os infortúnios sinóticos foram as pressas, pela mídia, lhes “agraciar”/

Os Sem Terra acampam/
E de novo destampam/
O vexame que há/
Num país de riquezas amplas/
Que nem mesmo as santas/
Saberiam explicar/
Como uma terra que planta, não sabe compartilhar/
Os louros que ganha, das mãos dos que só apanham e não têm um punhado de chão para também plantar/

*Carlos Eduardo Freitas é jornalista, assessor de imprensa da Associação dos Gestores Governamentais do Estado da Bahia e colaborador deste blog desde janeiro de 2009.

sábado, 25 de abril de 2009

Cristovam Buarque: "Nós somos os masoquistas, eles são os sádicos"

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Em discurso no plenário do Senado Federal, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) definiu na sexta-feira, 24 de abril, a relação entre políticos e jornalistas como sadomasoquista. “E nós somos os masoquistas e eles são os sádicos”.
“Nós somos os masoquistas porque fazemos coisas que levam a mídia, corretamente, a denunciar, e, depois, nós sofremos com a denúncia que eles fazem, mas o pior é que eles sentem prazer em denunciar as coisas que são denunciadas”, afirmou.

Apesar de considerar correto o interesse da imprensa pelos casos de escândalos e ilegalidades cometidos por membros do Congresso, Buarque considerou que existe uma concentração nesse tema.

“A mídia esqueceu os debates que a gente quer fazer neste país, entre um país velho, que tem que morrer, e um novo, que tem que surgir. O velho da destruição ecológica, o velho da concentração de renda, para surgir o novo, do desenvolvimento equilibrado social e ecologicamente, com democracia. Será que ninguém está falando isso? Ou é a mídia que se acostumou a uma única pauta, necessária, mas insuficiente, que é a pauta do escândalo?”, questionou.
*Com informações da Agência Senado, no Portal Comunique-se.

domingo, 19 de abril de 2009

Crianças do Brasil

Foto: Luciano da Matta

Composição: Carica e Prateado
Interpretação: Grupo Sensação

É tupiniquim, é guaraná
É de gangazumba, é zumbi
Brilha o chão de Minas, grão Pará
Velho Chico, bom de navagar
Comendo poeira no sertão
Chora o sertanejo, violão

É dona Maria, seu José
Água de beber e de benzer
Passe de Garrincha pra Pelé
Terra boa pra plantar café
Pão de Açúcar, Cristo Redentor
Eu quero ficar em Salvador...

Pátria amada
Meu amor
Que meu Deus, abençoou
Não quero ver sofrer
Ó pátria mãe gentil
Das crianças do Brasil

Chega a polícia e mete o pau
Chega o político e mete a mão
Chega fevereiro é carnaval
Fim do sofrimento é ilusão
Boto a mão no bolso e vai mal
Sem dinheiro pra comprar o pão

Pátria amada
Meu amor
Que meu Deus, abençoou
Não quero ver sofrer
Ó pátria mãe gentil
Das crianças do Brasil

Lula blogueiro

Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhará um blog para divulgar a gestão do governo federal através das ferramentas interativas da internet. Espelhado no exemplo do norte-americano Barack Obama, o projeto-piloto está em estudo no Palácio do Planalto e deverá ser aplicado na prática ainda em 2009. A ideia é criar um Núcleo Digital para usar novas mídias, como sites de relacionamento e blogs.



*As informações são da Rádio Gaúcha

sábado, 18 de abril de 2009

Foto da semana: boneco alusivo à Sarney é queimado no Maranhão

Foto: Dida Sampaio/AE
Manifestantes ateiam fogo em um boneco do senador José Sarney (PMDB), diante do Palácio dos Leões, em São Luís (MA), neste sábado, 18 de abril. Eles ficaram indignados com a saída do governador Jackson Lago (PDT), depois de decisão judicial - ele foi cassado por ter usado, supostamente, a máquina pública do Estado para se beneficiar (compra de votos).

Agora, a segunda colocada nas eleições de 2006, Roseana Sarney (PMDB) assume o governo maranhense. Ela deve tomar posse no Palácio dos Leões na segunda-feira, 20.


sexta-feira, 17 de abril de 2009

Almiro Sena: "decisão suspende, mas não entingue Ação Civil contra a Aratu"

O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado na manhã desta sexta-feira, 17 de abril, suspende, mas não extingue a Ação Civil Pública contra a emissora.
“Nós só vamos pedir a extinção depois que a emissora cumprir os termos do acordo”, informou o promotor Almiro Sena, autor, junto com Isabel Adelaide Moura, do processo contra a TV Aratu.

A TV Aratu se comprometeu a veicular somente imagens apropriadas para todos os horários da grade, evitando a exibição de ofensas e humilhações contra pessoas que se encontram sob custódia policial. Em caso de descumprimento, a emissora fica sujeita ao pagamento de multa diária de R$ 5 mil.

A edição desta sexta-feira do “Na Mira” se desculpou com o Ministério Público e com o promotor Almiro Sena pelas acusações feitas na quinta pelo apresentador Uziel Bueno, que questionou a suspensão do programa alegando que Sena teria ligações com uma emissora concorrente, já que ele assina coluna na TV Itapoan.
“Na reunião de hoje, os diretores da emissora também se desculparam pessoalmente. Eu considero a situação superada”, concluiu Sena.
*Com informações do Comunique-se.

Caso "Na Mira": cancelamento de decisão judicial é um regresso

Foto: Beatriz AndradeÉ difícil de entender. Na quarta-feira, 15 de abril, a justiça baiana determinou a suspensão do programa "Na Mira", transmitido pela TV Aratu, retransmissora do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) no estado, até que o mesmo fosse reformulado, depois que o juiz Manuel Bahia acatou o pedido do Ministério Público Estadual (MPE-BA), sob a argumentação de que o "Na Mira" exibe "exageros, cenas de violência, imagens chocantes e desrespeitosas à dignidade humana".

Mas não é que a decisão da justiça foi cancelada menos de 48 depois? Nesta sexta-feira, 17, a suspensão do referido programa simplesmente deixou de existir, depois de reunião na sede do MPE, onde os promotores Almiro Sena (Cidadania), Isabel Moura (Criminal), e diretores da emissora firmaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), em que ficou decidido que a liminar que suspendia o "Na Mira" fica cancelada, desde que os critérios estabelecidos para a adequação do conteúdo do programa passem a ser respeitados.

O curioso dessa história é que um TAC já havia sido firmado, há cerca de dois meses, pelos diretores dos programas de TV de Salvador, que veiculam esse tipo de conteúdo agressivo aos Direitos Humanos, juntamente com o MPE-BA. Tal acordo foi negligenciado tanto pela TV Aratu, onde o "Na Mira" e o "Que Venha o Povo" é exibido, como pela TV Itapoan, que transmite o "Se Liga Bocão". Tanto que o Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra (CDCN) se reuniu com o promotor Almiro Sena, da Promotoria de Combate aos Crimes Raciais, em 26 de março, a fim de denunciar o não-cumprimento.

Então, eu pergunto: a TV Aratu, que assim como a TV Itapoan deixou de cumprir o primeiro TAC, respeitará este novo acordo a partir de agora?

Acho muito difícil acreditar nessa hipótese. Até pela profissão que escolhi para seguir, sou contra a censura à liberdade de expressão, heranças tristes da ditadura militar que assolou o Brasil durante mais de duas décadas, mas, nesses casos em específico, defendo o desligamento desses programas do ar, sim. Em nome de uma falsa realidade e verdade, visando unicamente o lucro, eles exploram a miséria do povo, julgam e condenam pessoas suspeitas, fazem apologia a tortura, sobretudo contra jovens negros da periferia, e desrespeitam tanto os Direitos Humanos como o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Complicado de acreditar na justiça.

No Brasil, ela tarda e falha.
*Atualizada às 21h18.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Documentário sobre povoados da Ilha de Vera Cruz (BA) está em fase de edição

Foto: Murilo GitelPrezados,
o documentário que os jornalistas Adilton Borges, Alex Jordan, André Luís Gomes, Carlos Eduardo Freitas e eu estamos produzindo sobre os povoados da Ilha de Vera Cruz (BA), já está em fase de edição, e deverá estar concluído, no máximo, até o final de maio deste ano.
Muito em breve, publicarei alguns dos momentos mais marcantes de nossas gravações aqui no blog, a exemplo do que já fiz com as imagens do Terno de Reis Estrela, tradicional entre os moradores de Santo Amaro de Jiribatuba.
Aguardem só mais um pouquinho!


Foto: Ponte do Funil, local estratégico dos confrontos travados na "Batalha do Funil". Você já ouviu algo a respeito? Leu nos livros didáticos de História do Brasil? Não, não é mesmo? Então, ao assistir o documentário que estamos realizando, você ficará sabendo.

Comunicação: jornalista Ricardo Mendes lança blog

Lançado recentemente pelo jornalista baiano Ricardo Mendes, coordenador de conteúdo do sistema integrado de mídias do Grupo A Tarde, o blog Converge Magazine traz informações relevantes a respeito da comunicação tanto em âmbito nacional como mundial. A convergência de mídias e o mercado jornalístico como um todo ganham destaque no veículo de internet, importante para estudantes de jornalismo, profissionais recém-formados, os chamados "focas, até os mais experientes.

Urina corrói estrutura de viaduto em Salvador

Da Folha On Line:

A Prefeitura de Salvador (BA) está gastando cerca de R$ 500 mil para recuperar um viaduto cujas 14 pilastras foram desgastadas pela acidez de urina humana.
O superintendente de Conservação e Obras Públicas da capital baiana, Luciano Valladares, diz que todas as pilastras do viaduto Luiz Cabral, na região central da cidade, sofreram corrosão por causa do hábito dos frequentadores do entorno de fazer xixi nelas. (Leia a notícia na íntegra).

Meu comentário:
E a história se repete. Dois problemas sérios me chamam a atenção quanto a este caso. Primeiro: a falta de educação de boa parte dos soteropolitanos assusta. Urinar na rua, em qualquer hora do dia, na frente de quem quer que esteja passando é de uma selvageria e falta de consideração pelo próximo gritantes.

Ademais, faltam banheiros públicos na cidade. A Limpurb, empresa responsável (?) por disponibilizá-los argumenta que eles custam caro, mas que o pior de tudo é o vandalismo que as pessoas cometem contra os sanitários químicos, alugados de uma empresa terceirizada. A situação é quase que sem solução. Como não temos nada a ver com isso, o ideal seria que deixássemos de pagar os impostos como forma de protesto, porque, sinceramente, ouvir as explicações do poder público municipal a respeito é de doer.

Em 3 de outubro de 2008, quando ainda trabalhava no Jornal da Metrópole, assinei a matéria intitulada "Despudorados", que reportou o péssimo hábito dos mijões aqui da capital baiana. Nem mesmo os viadutos são poupados...

Teatro: A Comida de Nzinga volta em cartaz no Theatro XVIII

Foto: Sora Maia
A fascinante história de Nzinga de Matamba, uma das mais destacadas guerreiras estrategistas africanas, volta a ser retratada no Theatro XVIII, no Pelourinho, em Salvador (BA). A peça "A Comida de Nzinga" é encenada pela Companhia Axé do XVIII e conta com os textos dos dramaturgos Aninha Franco e Marcos Dias. A direção é de Rita Assemany.

A montagem ficará em cartaz até o dia 26 de abril, sempre a partir das 20h dos sábados e domingos. O preço? Apenas R$ 4. O Theatro XVIII, verdadeira casa de pensamento de Salvador, onde a arte é de fato democratizada (e não elitizada) fica na Rua Frei Vicente, nº 18.

Mais informações pelo telefone: (71) 3322-0018

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Um fã incondicional de certa calcinha preta


O cenário: a mesa de um bar no bairro do Rio Vermelho, em Salvador (BA).
Os personagens: Lúcio Sampaio e Alessandra Folguedo, ambos funcionários públicos e colegas de repartição.

O tempo: início de uma noite de abril, de 2009.

Eles conversam informalmente:

- Muito boa a sua ideia de sairmos do trabalho direto para esse choppinho gelado, ainda mais aqui no Rio Vermelho, bairro onde me sinto tão bem, Lúcio!

- Verdade, Alê! De vez em quando é bom respirar outros ares com os amigos, sair daquele verdadeiro inferno que é a repartição, tomar umas e outras e jogar conversa a fora...

- É isso. Olhe o garçom aí! Vai mais uma, amigo?

- Opa, vambora! Ô "meu primo", desce mais uma aqui pra gente!

- Só um minuto chefia!

Com pouco serviço para fazer, já que o bar estava praticamente vazio, o garçom foi obrigado a interromper as olhadelas para a calcinha preta e rendada de Alessandra, que aparecia de forma saliente pelo fato de a moça estar sentada, o que fazia com que a calça dela descesse até um pouco abaixo da cintura. O funcionário foi buscar mais uma gelada para o casal de amigos. A essa altura, Lúcio também já se dera conta da bela imagem que a peça íntima da colega proporcionava, embora conseguisse disfarçar de alguma forma. Todavia, o efeito que o álcool começava a fazer aguçava mais os seus sentidos insanos do instinto.

Nesse meio tempo, o dono do bar resolve colocar um de seus DVDs piratas comprados na passarela do Shopping Iguatemi para distrair seus parcos clientes. A atração? A banda de forró (?) Calcinha Preta, sucesso já consolidado em praticamente todas as paradas musicais do Norte-Nordeste brasileiro, e que ganha, cada vez mais, o mercado das cidades mais ao Sul do país, como por exemplo São Paulo.

- Aqui está a cerveja!

- Ah, sim. Muito obrigado!

Cervejinha vai, cervejinha vem, um 'golinho' lá, outro 'golão' acolá, conversas cruzadas queimando à pimenta, olhadelas de um lado, olhadinhas do outro também... E na TV posta bem perto da mesa onde o casal está, o som estridente da Calcinha Preta, com o seu brega influenciado pelo saudoso Waldick Soriano, o pai do estilo "Eu não sou cachorro não", apenas mais estilizado e produzido.

Ela pergunta:

- Lúcio, você é um cara bem eclético, não é verdade?

E ele, agora já sem o mínimo de pudor, olhando explicitamente a instigante lingerie da colega :

- Sou sim, Alê...

E ela, curtindo o show do DVD da banda de forró (?):

- E da Calcinha Preta, Lúcio, você gosta?

E o rapaz, com um sorriso desavergonhado, depois de um intervalo de cerca de dez segundos:

- Gosto, Alê, ah, se gosto... Rendada, então...

Crônica de uma avenida ‘poeticamente’ tricolor

Crédito da imagem: Blog do JucaPor Carlos Eduardo Freitas* [cadusongs@yahoo.com.br]

As luzes faziam riscos na noite iluminada pela lua. A noite ganhava glamour com o tracejar, belo balé, das luzes dos postes e das lanternas traseiras dos carros - vistas em movimento, sob a velocidade de um ônibus metropolitano, quase intermunicipal. Havia, porém, algo magnânimo entre aquele ziguezaguear incandescente. Três cores, deixavam aquele pedaço da avenida Paralela, artéria da Soterópolis, com um ar de imponência, mística e subjetiva de um povo.

Azul, vermelho e branco. Depois que o tão temido outrora, tricolor de aço, aportou no estádio de Pituaçu, a Paralela não foi mais a mesma. Nos dias de jogos do Esporte Clube Bahia o trecho compreendido entre o Extra Paralela e a Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC) se transfigura. De uma mescla de verde [dos resquícios de Mata Atlântica, mas resquícios do que nunca!], com o cinza das construções [muito mais construções do que nunca!], o local se transveste em tricolor.

Não se vê pessoas, mas cores. São tantas que até confunde. À primeira vista, parece uma romaria, uma enorme bandeira declinada no leito da avenida. Uma onda do mar, em dias de oferendas de rosas e flores diversas... Não se vê só o azul do mar, mas vermelho da paixão e o branco da paz. Poderia também ser o branco do vazio de reflexão racional, quando se fala em paixão por um time de futebol. Branco do esquecimento, mesmo em épocas de declínios do time. Multicor. Ser torcedor é assim... Ser uma onda dissipadora de contrários e contraditória na razão. O torcedor do ‘Bahêêêa’ é assim. Não está nem aí se o clube é chamado, sorrateiramente, de ‘Jaía’. Ele é azul, é vermelho e é branco, e só.

Quando acaba o instantâneo lapso de poética etnografia, este jornalista que vos escreve percebe, consternado e aflito, que perdera o ponto de ônibus onde deveria ter descido, após uma jornada de trabalho em um jornal da ‘cidade RMS’ de Camaçari. O blogueiro deveria ter descido, há 10 minutos, no bairro de São Cristóvão – divisa de Salvador com Lauro de Freitas.

Já era tarde. Não adiantava puxar a cordinha sonora do ônibus que faz a linha Camaçari x Lapa. Por hora, bastava-me esperar o ponto do Extra [mais movimentado àquela hora da noite] e continuar divagando sobre a ‘Paralela Tricolor’ que presenciava.

*Carlos Eduardo Freitas é jornalista, assessor de imprensa da Associação dos Gestores Governamentais do Estado da Bahia e colaborador deste blog desde janeiro de 2009.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Eu, o pecador


Ponto de ônibus do Paralela Park: terça-feira, 14 de abril, 7h25. Eu espero impacientemente o ônibus que faz a linha Canabrava/Pituba, a fim de chegar ao trabalho nosso de cada dia. Desejo um bom dia discreto aos demais trabalhadores que já estão por lá - algo em torno de dez pessoas, sete mulheres e três homens. Acho que vou chegar atrasado, justo num dia em que tenho muitas atividades para cumprir.
Os minutos passam e a minha paciência vai sendo minada. Tento esboçar uma rápida reflexão sobre a situação precária e por que não dizer vexatória do transporte público de Salvador, envolto em suas linhas escassas, seus modelos de veículos arcaicos, motoristas e cobradores mal-educados, sem falar no preço da tarifa, desproporcional se levarmos em conta a falta de qualidade de tal sistema rodoviário. No entanto, o sono que herdei da última madrugada me impede de levar o pensamento reflexivo adiante.
Lá pelas tantas, bocejadas despejadas ao vento quente soteropolitano, eis que nós, os trabalhadores do ponto de ônibus do Paralela Park, passamos a ganhar a companhia de uma evangélica do tipo xiita, provavelmente testemunha de Jeová ou adepta de uma facção semelhante. Ela inicia uma pregação desafinada de parábolas bíblicas que mais a confundem do que a elucidam, arrancando, inclusive, algumas gargalhadas dos pobres dependentes do ônibus que não vem.
Depois de pregar para o nada ou para o além, a evangélica, uma mulher magra, com uma saia gigantesca e uma blusa de gosto duvidoso, do tipo Marta Suplicy, se aproxima de mim, justamente de mim, me deseja um bom dia (que retribuo, gentilmente) e me entrega, em seguida, um daqueles folhetinhos insuportáveis com mensagens mais insuportáveis ainda, com a seguinte inscrição:
Tenha paciência e fé na palavra de Deus
Só o Senhor te levará a cura e lhe indicará o caminho da salvação.
Procure a igreja evangélica mais próxima de você!
Curiosamente, apenas eu recebo o folheto, para o espanto de todos. A mulher só entregou a mensagem a esta besta que vos escreve?! Por que não aos outros? Eles, aliás, deram boas gargalhadas com a minha risada irônica de perplexidade: devo ser o único pecador de toda a região do Paralela Park!!! Só eu vou para o inferno se não procurar a tal igreja evangélica, então...
Conformado, avisto o Canabrava/Pituba, que finalmente desce a ladeira.
Reflito: o ônibus, somente o ônibus que me leva ao sagrado local de trabalho pode ser a minha salvação.
E o pecador segue para mais um dia de batente. Resignado. Com um sorriso diabólico nos lábios.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Lupicínio fez o hino para a torcida errada



Lupicínio errou!

Ai, senhor, tenha piedade de mim, porque talvez eu não saiba o que esteja dizendo! Mas, como assim? Sei, sim, Murilo! Ouso dizer que Lupicínio Rodrigues, um dos maiores compositores e intérpretes brasileiros de todos os tempos cometeu um grande equívoco em sua obra praticamente impecável, meus senhores! Feito! Pronto! Falei! E agora?!

Digo mais, os versos maravilhosos de Ela disse-me assim, Volta e Nervos de Aço, além de todos os demais daquele artista genial, não foram suficientes para mitigar tamanho desatino do mestre Lupicínio. E tenho dito: o pai maior da dor de cutuvelos, embora envolto em sua aura angelical de eterno ser, foi tomado de súbita e imortal falha, em um derradeiro instante de seu poder de criação incomum.
Mas como?! Mas quando??? Eu vos digo: foi em 1959, exatamente no momento em que pegou a pena e deitou a seguinte rima no papel:

Até a pé nós iremos
Para o que der e vier
Mas o certo é que nós estaremos
Com o Grêmio, onde o Grêmio estiver

Gremistas de todo o mundo, por favor: não me xinguem! Não desejem, tampouco, o mal de minha mãe, que assim como as mães dos árbitros de futebol nada ou pouco têm a ver com isso e/ou com aquilo. Esqueçam, por um minuto apenas, meu coloradismo e o próprio gremismo que os alimenta, em nome da razão, da percepção racional, do poder de crítica que todos nós temos e manifestamos em algum momento de nossas vidas insanas. Leiam e reflitam.

Até a pé nós iremos
Para o que der e vier
Mas o certo é que nós estaremos
Com o Grêmio, onde o Grêmio estiver

Repito: mas de onde? Mas, como? É que torcedor do Grêmio que se preze não vai a pé. Nunca foi. De ônibus muito menos. Van ou lotação genérica? Nem pensar!!! Talvez, não seja preciso ser de Porto Alegre para saber, porque está escrito nas estrelas: gremista vai de táxi! Gremista, para ver o Grêmio, vai de carro!


Quem é que vai a pé? Os colorados, naturalmente! Qual clube tem no povo a sua origem, e não na elite? O Internacional, evidentemente. Qual instituição futebolística só passou a aceitar negros no time depois da década de 1940? Foi o Inter? Ou será que foi o Grêmio? O que a história registra, meus amigos? Longe de querer trazer a questão para o campo étnico, mas aprofundando-a no de classes sociais, embora ambos também se relacionem, mas, voltando ao tema central deste post, geralmente, quem vai a pé e quem vai de táxi???

Nós, colorados, vamos a pé! Vós, os gremistas, vão de táxi, carro de passeio, enfim! É fato! Contra fatos, não há argumentos!

Eu mesmo sou um exemplo, de tantos. Neste domingo, 12 de abril, subi a pé a ladeira interminável do Alto de São João, no bairro da Boca do Rio, em Salvador (BA), para ver o jogo do Inter contra o Canoas, válido pelas semifinais do Campeonato Gaúcho. Detalhe: às 19h! Vocês sabem o que significa subir tal ladeira, tamanha ladeira, num domingo, a esta hora, para ver o time jogar uma partida que até as pedras já sabiam o resultado? E olhem que estou a mais de mil quilômetros de Porto Alegre. Fui ao Centro Gaúcho da Bahia, ver o confronto através do canal fechado.

Em suma, até aqui, em São Salvador, nós, colorados, vamos a pé, viu Lupicínio??? E os gremistas de Salvador, o que tem a me dizer? Qual deles já subiu, a pé, a ladeira interminável e por que não dizer sem fim que dá acesso ao Centro Gaúcho da Bahia no bairro da Boca do Rio, hein, hein? Nunca! Vão de táxi! Passam por mim, lá embaixo, todo suado, de táxi! E para completar a corneta, colocam-se para fora da janela e gritam para que eu ouça:

- Subindo a pé?

- Tem que ser colorado, pé rapado!

E em seguida, morrem de tanto dar risada, enquanto o táxi sobe a ladeira e é claro: antes de o gre-nal terminar.

Os gremistas vão de táxi para o Olímpico. Sempre foram. Do contrário, não vão. Ficam em casa. Assistem pela TV, afinal, táxi é táxi - até ar condicionado tem! Já pensou que perigo: andar pela Carlos Barbosa, Cascatinha, Azenha, nesses tempos de violência crucial a pé, como ilusoriamente sugeriu o mestre saudoso Lupicínio Rodrigues?

Não, não, não! O erro é histórico mas ainda passível de ser corrigido.

Lupicínio: aí vai minha sugestão para corrigir o erro que mancha o hino do respeitável, grande e imortal Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense:

Até de táxi iremos
Para o que der e vier
Até mesmo se a bandeira for 2
Com o Grêmio, onde o Grêmio estiver

Fui!
A pé!




Um livro composto de nove artigos de professores da UniJorge, dos quais três discutem aspectos da cultura negra, em especial, o de autoria de Sayonara Amaral, que retrata o papel dos intelectuais negros do hip-hop. Assim é a obra intitulada "Culturas e linguagens: identidades, tradição e rupturas", organizada pela jornalista Márcia Guena. A publicação será lançada na quinta-feira, 16 de abril, a partir das 19h, na Livraria Saraiva do Salvador Shopping.
O evento contará com a apresetanção do grupo de hip-hop Rapaziada da Baixa-Fria (R.B.F), além de um grupo instrumental de sopros e da poesia de Danila.
Imperdível!

sábado, 11 de abril de 2009

Grandes erros em uma pequena notícia

Foto de celular: vcheregatiÉ de apavorar os erros tanto ortográficos, como de informação, em boa parte das notícias dos sites relacionados aos jornais baianos. Senão, vejamos. Observem esta postagem publicada neste sábado, 11 de abril, às 13h34, no Correio* On Line:

Colisão entre moto e carro deixa motociclista ferido na Paralela
Redação CORREIO

Na manhã deste sábado (11), por volta das 12h40, houve uma colisão entre o Palio e um Gol, na avenida Juracy Magalhães, próximo ao Hospital Aliança. O acidente não deixou vítimas, segundo informações da Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador (Transalvador).

Ainda de acordo com o órgão, colisão entre uma moto e um veículo que aconteceu nesta manhã, por volta também das 12h40, deixou o motociclista ferido, na avenida Paralela próximo ao Hipermercado Extra. Uma viatura da Transalvador foi deslocado para o local para prestar socorro às 13h.
Até às 13h15, não haviam maiores esclarecimentos sobre os dois casos.

Que maravilha, hein??? Vamos por partes:

1º) Se o acidente ocorreu por volta das 12h40, logo, ele aconteceu na parte da tarde, e não da manhã, até porque já havia se passado 40 minutos entre o período que divide o tempo matutino do vespertino, certo? Alguma objeção?

2º) Duvido muito que o Palio envolvido no acidente seja o único de Salvador. Dessa forma, a referência tem que ser feita a UM Palio e não a O Palio;

3º) Uma viatura da Transalvador foi deslocado ou deslocada? A nova ortografia teria mudado as regras da concordância também? Será?

4º) Este é um vício recorrente: o das maiores informações... As informações não são maiores ou menores. Elas são mais ou são menos. Neste caso em específico, o órgão de trânsito não possuía mais informações para prestar ao (a) colega jornalista, penso eu. Simples assim.

5º) No mais, jornalisticamente falando, faltam informações mais precisas sobre os acidentes. Qual é a identificação do motociclista? E se ele for o meu irmão, que saiu de moto hoje pela Paralela e até agora não voltou para casa? Daí, eu abro a página deste site e vejo esta notícia assim, sem profundidade alguma, "dada" apenas por dar. Será que eu vou ficar preocupado? E a minha mãe, que tem problema de angina, mas vive acessando a internet na ilusão de que estará bem informada?

Moral da história: é menos trabalhosa a função de limpar peixes no Alaska, do que ser revisor ou ombudsman de um destes veículos. Ganha-se pouco, trabalha-se demais.

Demais da conta...

sexta-feira, 10 de abril de 2009

*Gibran fala do silêncio e da beleza, em carta para Mary Haskell, datada de 1915

Nova York, 9 de fevereiro de 1915.

Minha amada Mary,

talvez você não entenda o meu silêncio.

Entretanto, sinto que você também está quieta, porque esses meus dias silenciosos também são seus.

Saiba, porém, que é impossível para mim fazer qualquer coisa sem você - e que eu preciso de você em minha vida diária.


Num dia desses, encontrei o nosso amigo Ryder em um quarto sem calefação.

Tudo estava sujo e desarrumado ao seu redor, mas sinto que ele resolveu viver apenas da maneira que sempre desejou.

Tem dinheiro, mas não pensa nisto.

Sua mente não está mais neste planeta e vaga além de seus próprios sonhos.

Ele leu um poema que escrevi, e chorou. Então, disse:


- É belíssimo! Demais para mim... Não sou digno de lê-lo...


Ficou um pouco em silêncio, e depois tornou a falar:


- Já pensei em mandar uma carta para você, mas nunca fiz isso, porque é necessário que a minha alma se mova de lugar, antes que eu escreva...


Gibran


*Gibran Khalil Gibran nasceu em Besharri, ao Norte do Líbano, em 1883, e morreu em Nova York, em 1931. Autor de "O Profeta", um dos vinte livros mais lidos do mundo até hoje, o "Amado Mestre", como ficou carinhosamente conhecido também foi desenhista e pintor, sendo o aluno predileto de Rodin. Também foi filósofo e poeta.

Mary Haskell, tida pelos estudiosos de sua obra como o maior amor da vida de Gibran, foi uma professora norte-americana que, ao conhecer a obra do artista, abriu as portas do jovem libanês para o sucesso no mundo profissional, ao financiar seus estudos na Academia de Belas Artes, em Paris.

A carta aqui publicada integra a obra "Cartas de Amor de Gibran", publicação organizada e traduzida pelo escritor brasileiro Paulo Coelho.

Que fiquem por lá!

Eu leio na Zero Hora desta sexta-feira, 10 de abril, que o Rio Grande do Sul estará sem governador em exercício nos próximos 15 dias. Motivo: a governadora Yeda Crusius (PSDB) viajou na quinta-feira, 9, para os Estados Unidos, a fim de passar o feriadão mais do que prolongado com um filho que mora na Califórnia. Já o vice, Paulo Feijó (DEM), optou pelas maravilhas paradisíacas de Punta del Este, no Uruguai, logo, temos a configuração de uma redundância literalmente consumada: o Estado carece de governança.


Vale destacar que a ação é amparada pela legalidade. Como trata-se de um prazo menor que 15 dias, não há a necessidade de a governadora repassar o cargo. Em caso de emergência, ela deverá tomar as decisões pelo Rio Grande do Sul, mesmo à distância.


Num governo imerso em escândalos sem proporções, como no caso da corrupção no Detran gaúcho, com o pior índice de aprovação entre os brasileiros, não vejo, sinceramente, diferença alguma em ter Yeda Crusius no Palácio Piratini ou na Califórnia. Opa, quase que esqueço: a diferença deverá consistir no fato de que é povo rio-grandense que pagará mais esta conta.


Tem coisas que eu não entendo. No Maranhão, os poderes conspiraram para derrubar o pedetista Jackson Lago do governo, numa manobra explícita para favorecer o senhor feudal José Sarney, que reassumirá o governo, por meio de sua herdeira Roseana Sarney, nos próximos meses, de acordo com decisão do Executivo. Ao mesmo tempo, neste mesmo Brasil varonil, a administração corrupta de Yeda Crusius segue intacta, sabe se lá amparada por quem.


É uma pena que as águas do lago Paranoá, em Brasília, não falem.

Foto: Guilherme Kardel

Por ora, resta desejar que a governadora do Rio Grande do Sul fique por lá mesmo, nos states, eternamente, como se pudesse ser enfeitiçada pelo calor estadunidense e pelas belezas das praias californianas, talvez menos misteriosas que a solidão-muda daquele pomposo lago da capital federal.

Folha de S. Paulo intensifica campanha contra Dilma

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Os partidos sequer ratificaram as escolhas de seus candidatos à presidência da República para 2010, mas a Folha de S. Paulo, tradicional mecanismo de promoção da direita brasileira já começou a atacar seu alvo até as próximas eleições: Dilma Roussef, ministra-chefe da Casa Civil e provável nome do Partido dos Trabalhadores (PT) na luta pela sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No domingo, 5 de abril, o periódico deu ênfase a reportagem "Grupo de Dilma planejou sequestro de Delfim Netto".

A matéria assinada pela repórter Fernanda Odilla, que certamente foi (mal) orientada por um jornalista mais experiente, transformou um fato que não foi executado num factóide do presente. Na concepção do também comunicólogo Antonio Roberto Espinosa, o diário manipulou as informações que ele transmitiu a Odilla, tanto que desafia o periódico a publicar sua entrevista na íntegra, sem ser editada. "É o início de uma sórdida campanha que vai desacreditar ainda mais o jornal da 'ditabranda'", completou Espinosa.

De acordo com informações do portal Comunique-se, a entrevista tratava da história da VAR-Palmares, uma organização política de resistência ao militarismo e da qual Dilma fazia parte. Espinosa foi o responsável nacional pelo setor militar da organização e assume todas as iniciativas que dali partiram contra a ditadura.

Em sua defesa, Odilla defendeu que a reportagem “não afirmou que Dilma Rousseff planejou o sequestro de Delfim Netto. Trouxe, sim, declarações do ex-dirigente da VAR-Palmares, que, pela primeira vez, assumiu que o plano existia e que ele foi seu coordenador. À Folha, Espinosa disse que, no final de 1969, todas as tarefas (as ‘políticas’ e o ‘foco guerrilheiro’) da VAR ‘eram do comando nacional’, citou três vezes Dilma Rousseff como um dos cinco integrantes desse colegiado e, indagado pela Folha em diferentes momentos, afirmou que 'os cinco sabiam' do plano de sequestro e que ‘não houve nenhum veto’".

Tendenciosa, a reportagem publicada pela Folha de S. Paulo busca atacar a imagem da ministra Dilma, uma mulher que arriscou a própria vida, diversas vezes, para lutar contra a iniquidade dos militares que governaram o Brasil entre 1964 e 1985. Este é o jornal de Otávio Frias Filho, cada vez mais desesperado pela queda de circulação do periódico, registrada gradualmente, no Instituto Verificador de Circulação (IVC).

Este é o diário que apoiou a ditadura militar em 18 de seus 21 anos de duração, com salvo interregno de dignidade entre 1974 e 1977, quando Cláudio Abramo deu um pouquinho de dignidade ao veículo. Em uma campanha explícita em prol de Serra e Aécio, representantes do tucanato nacional, o Grupo Folha dá uma verdadeira aula de como não se faz jornalismo, ao deixar claro que tem muito mais a ganhar caso os correligionários de Fernando Henrique Cardoso cheguem ao poder.

Seria lamentável, se não fosse previsível.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Que era o maior, eu já sabia (Crônica)

Foto: Alexandre LopsPor Luís Fernando Veríssimo

Quando vi o Internacional pela primeira vez ele tinha 37 anos e eu, 10. Foi num Gre-Nal, 1946. Estádio dos Eucaliptos, eu acho. O Inter jogou com Ivo, Alfeu e Nena; Viana, Ávila e Abigail; Tesourinha, Villalba, Adãozinho, Eliseu e Carlitos. Além dos Eucaliptos, jogava-se nos estádios da Baixada do Grêmio, Timbauva do Força e Luz, Chácara das Camélias do Nacional, Rua Sertório do Renner, Passo d’Areia do São José e Colina Melancólica, do Cruzeiro.

Neste havia um barranco atrás de uma das goleiras que era o melhor lugar para se assistir futebol em Porto Alegre, se você estivesse disposto a arriscar a vida. Naquela época, eu estava.

Havia pouco intercâmbio com times de outras cidades e menos com times de outros Estados, o negócio era o campeonato municipal. Como havia muito tempo para ser preenchido, faziam dois campeonatos por ano. O primeiro se chamava “Campeonato Extra” e não valia nada.

Os campeonatos começavam com um “Torneio Início” com a participação de todos os times em jogos de meia-hora, uma loucura que ocupava toda uma tarde e em que escanteio valia pontos. Antes de cada partida do campeonato jogavam os times de aspirantes, de manhã jogavam os juvenis.Quando um time ganhava de manhã, ganhava a preliminar e ganhava o jogo principal, dizia-se que tinha feito barba, cabelo e bigode.

Felicidade completa era fazer barba, cabelo e bigode no domingo e na terça ler o que o Cid Pinheiro Cabral dizia a respeito na “Folha da Tarde”. Peguei o fim do Rolo Compressor de Nena, Ávila, Tesourinha, Adãozinho e etc., peguei aquele outro grande Inter de Florindo, Oreco, Salvador, Larry, Bodinho e etc., peguei o Inter campeão brasileiro de Manga, Figueroa, Carpegiani, Falcão, Valdomiro e etc – todos ao vivo. Pela TV, peguei o resto dos 63 anos até agora.

Inclusive, claro, o Inter de Fernandão, o Inter de Yokohama. Este não entra aqui com mais destaque não porque faltou espaço depois de tantas lembranças mas porque seria supérfluo.Que o Inter era o maior do mundo eu sabia desde 1946. Só faltava provar.

*Fonte: jornal Zero Hora

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Terno de Reis de Santo Amaro de Jiribatuba (BA) - Quarta Parte

Imagens: André Luís Gomes

O "Terno Estrela" é um dos mais tradicionais da Bahia. A manifestação religiosa e artística é realizada nas noites de 5 e 6 de janeiro de cada ano.

*Estas imagens foram feitas com exclusividade para o Blog do Murilo Gitel. Para veiculá-las em outro meio de comunicação, coloque o crédito do repórter-cinematográfico e indique a fonte, com o link deste blog. Respeite os direitos autorais.

Terno de Reis de Santo Amaro de Jiribatuba (BA) - Terceira Parte

Imagens: André Luís Gomes

O "Terno Estrela" é um dos mais tradicionais da Bahia. A manifestação religiosa e artística é realizada nas noites de 5 e 6 de janeiro de cada ano.

*Estas imagens foram feitas com exclusividade para o Blog do Murilo Gitel. Para veiculá-las em outro meio de comunicação, coloque o crédito do repórter-cinematográfico e indique a fonte, com o link deste blog. Respeite os direitos autorais.

Terno de Reis de Santo Amaro de Jiribatuba (BA) - Segunda Parte

Imagens: André Luís Gomes
O "Terno Estrela" é um dos mais tradicionais da Bahia. A manifestação religiosa e artística é realizada nas noites de 5 e 6 de janeiro de cada ano.

*Estas imagens foram feitas com exclusividade para o Blog do Murilo Gitel. Para veiculá-las em outro meio de comunicação, coloque o crédito do repórter-cinematográfico e indique a fonte, com o link deste blog. Respeite os direitos autorais.

Terno de Reis de Santo Amaro de Jiribatuba (BA)

Imagens: André Luís Gomes
O "Terno Estrela" é um dos mais tradicionais da Bahia. A manifestação religiosa e artística é realizada nas noites de 5 e 6 de janeiro de cada ano.

*Estas imagens foram feitas com exclusividade para o Blog do Murilo Gitel. Para veiculá-las em outro meio de comunicação, coloque o crédito do repórter-cinematográfico e indique a fonte, com o link deste blog. Respeite os direitos autorais.

terça-feira, 7 de abril de 2009

CFF: Aconteceu dentro de uma Van... Gentes in Lugares

Por Carlos Eduardo Freitas* [cadusongs@yahoo.com.br]

Era manhã de segunda-feira, 6 de abril. Início da tradicional comemoração da Semana Santa ocidental. Local: uma Van que atua no transporte público alternativo da cidade de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. O destino? Lama Preta.
A viagem seguia tranqüila, com o transporte não muito cheio, quando de repente uma senhora, com muito mais de 60 anos, adentrou no veículo. E anunciou com tenra voz: “sou passe”. Logo, aquela senhora, que trazia uma fitinha vermelha amarrada nos cabelos brancos, e trajava um vestido multicor, de um corte só, fora interpelada asperamente pelo cobrador: “já tem três ‘passe’ no carro! A senhora não pode ir”.
O clima, entre os dos personagens desta desventurada crônica do triste dia-a-dia dos idosos, das nossas cidades-estados-país, esquentou. A mulher fincava o pé e, decidida de si, afirmava que não desceria do veículo: “imagine, passar por esta vergonha”.
O cobrador, ancorado na passividade do motorista, vislumbrara no fiscal da cooperativa a solução para o entrave com a senhora: “a senhora não vai descer não, né?! Então, eu vou ter que chamar o fiscal, porque a lei nos diz para levarmos apenas três ‘passe’, e já tem aquela senhora ali e estas duas senhoras desse lado. A senhora não pode viajar!”.

Resmungando, por não aceitar tal tratamento, dada a elevada idade, aquela senhora de olhos claros, fita vermelha no cabelo e vestido colorido, aguardava ansiosa a chegada do fiscal. Pelo pára-brisa da Van, a senhora avistara o responsável pela cooperativa. Um também sessentão senhor. Com um sorriso de canto de boca, ela gesticulou apressada, chamando aquele homem, como que visse na melhor idade do fiscal a chave para preitear sua permanência no veículo e, por conseguinte, a continuidade da viagem.

O fiscal já chegou com uma solução. Generoso e com um bom senso que deixou motorista e cobrador sem graça, o homem deu a súmula da questão: “Não vamos pedir a senhora para descer. Seria uma deselegância e falta de respeito com a idade que tens. Só gostaria de informá-la que, por lei, devemos levar três idosos, com direito a passe livre, sentados. Em pé pode viajar até 10. Mas sentados, só três. A senhora fica ciente e nas próximas viagens já evita essa situação, ok?”. Pronto, simples assim.

O cobrador, no entanto, não se conformava. A viagem, após ter sido interrompida por 15 minutos, no ponto de parada do Centro Comercial, prosseguiu. O cobrador? Também prosseguiu batendo boca com aquela senhora: “a senhora está errada. Só pode três ‘passe’”. A dúvida era se o fato de a senhora permanecer no veículo, sendo a quarta passageira com passe livre, iria afetar o bolso do cobrador. Talvez essa pressuposição coadune com a insistente reclamação e desagrado do tal homem.

Aquela senhora, porém, não ficava por baixo. Com uma célebre frase, deu por fim a discussão: “meu filho, você também um dia vai ficar velho. Seu pai, sua mãe também vão ficar velhos. É assim que vai tratá-los? É assim que você vai querer ser tratado?”... Um silêncio desconcertante tomou conta da Van, que a esta hora já estava lotada.
Cinco minutos depois, a birra entre aquela senhora e o cobrador voltou... Não demorou muito. Logo, a mulher desceu na clínica Santa Helena e o cobrador seguiu viagem cantarolando um samba-pagode: “ah, a minha lágrima o tempo seca... pois não foi em vão, não foi em vão... o tempo vai trazer você pra mim...”.

*Adaptação de crônica postada pelo autor no jornal online Camaçari Fatos e Fotos
*Carlos Eduardo Freitas é jornalista, assessor de imprensa da Associação dos Gestores Governamentais do Estado da Bahia e colaborador deste blog desde janeiro de 2009.


sexta-feira, 3 de abril de 2009

Centro Gaúcho da Bahia promove jantar colorado no sábado e transmite o gre-nal de domingo

Situado no bairro da Boca do Rio, em Salvador (BA), o Centro Gaúcho da Bahia (CGB) Rincão da Saudade, promoverá neste sábado, 4 de abril, um jantar especial em homenagem ao centenário do Internacional. A costela à gaúcha será servida a partir das 20h. O evento é aberto ao público em geral.
Já no domingo, 5 de abril, o espaço estará em funcionamento o dia todo, e o almoço aos moldes gaúchos está garantido a partir das 12h. Não sócios pagam R$ 20 e os associados apenas R$ 12 no rodízio de carnes.
A partir das 17h, colorados e gremistas estarão no galpão coberto, de olho no telão que transmitirá o clássico gre-nal, válido pelas quartas de final da Taça Fábio Koff - o segundo turno do Campeonato Gaúcho de 2009.
Os baianos que já admiram e/ou estejam interessados em conhecer a cultura gaúcha na terra dos orixás, estão mais do que convidados.
Bora lá, tchê!!!

Não me acorde

Crônica emocionante de Luís Fernando Veríssimo, uma abordagem magnífica a respeito deste sentimento grandioso e, ao mesmo tempo louco, que definimos como o "ser colorado".

Dois momentos, dois opostos, uma síntese

É uma missão no mínimo complicada ter que escolher apenas dois momentos especiais, levando-se em conta uma história quão gloriosa como é a do Internacional nestes cem anos, completados neste sábado, 4 de abril. Mas eu mesmo me ofereci este desafio, o que me obrigou, naturalmente, a deixar de fora imagens inesquecíveis, como a da inauguração do Beira-Rio, que contou com a participação solidária do torcedor colorado; os títulos e jogadas fabulosas nos anos 1970; a conquista inédita da Libertadores em 2006; o gre-nal do século e tantas outras.
O primeiro momento escolhido pelo blogueiro refere-se ao ano de 1999. O Inter atravessava uma das maiores crises de sua história, fruto de administrações incompetentes e corruptas: estava prestes a cair para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro - algo inédito para o "clube do povo", que ao contrário do maior rival (bi-rebaixado), jamais deixou a eleite do futebol nacional. Para não ser rebaixado, o colorado, com um time modestíssimo, teria de derrotar o poderoso Palmeiras, atual campeão da América, que se preparava para jogar a final do Mundial de clubes, no Japão, dali a alguns meses, contra o Manchester United (ING).
A parada era das mais indigestas. O alviverde paulista tinha Felipão como técnico, além de craques como o lateral Arce, o meia Alex e o atacante Paulo Nunes. O Inter, trouxera de volta Dunga, anos depois de o ter revelado para o futebol mundial, e um contestado técnico Emerson Leão. O palco daquela tensa partida era o Gigante da Beira-Rio, numa noite de quarta-feira do mês de novembro. A TV transmitiu o jogo para todo o Brasil. Meu amigo Juliano e eu estávamos lá, contávamos 14 e 13 anos de idade, respectivamente.


Aos 36 minutos do segundo tempo, quando o confronto estava 0x0, placar que estava colocando o Inter na segunda divisão, o atacante Celso fez grande jogada, aplicou um lençol no volante Galeano e foi derrubado, próximo a meta defendida pelo goleiro Marcos. A falta era frontal - talvez a última chance de o colorado abrir o placar e matar o jogo. Nas arquibancadas, 55 mil torcedores faziam silêncio, assolados por uma tensão poucas vezes sentida antes.
E foi Celso para a bola, e a bola encobriu a barreira, e o goleiro Marcos estava prestes a fazer uma defesa tranquila, mas havia um Dunga no meio do caminho: colocado na pequena área, ele desviou-a levemente com a cabeça, colocando-a fora do alcance do goleiro paulista, dentro do gol. O Gigante explodira loucamente. Não sabíamos mais quem abraçávamos, tampouco o que gritar. O Inter, surpreendentemente, vencia o Palmeiras, livrava-se da vergonha do rebaixamento, e virava a década pronto para se reestrurar, em vez de ser abatido, definitivamente, pelo fantasma de uma decadência anunciada.
Sete anos depois, uma verdadeira virada de rumos se deu no Internacional, sobretudo a partir da posse do presidente Fernando Carvalho, em 2001. O colorado recuperou a hegemonia do futebol no Rio Grande do Sul, sagrando-se campeão estadual nos anos de 2002-2003-2004-2005. Em 2006, conquistava pela primeira vez, a taça Libertadores da América, contra o favorito São Paulo. Meses mais tarde, veio o título mais importante da história centenária do clube: o campeonato Mundial da Fifa, em Yokohama, no Japão.



Desacreditado em quase todo o mundo, o Internacional enfrentou na decisão o Barcelona, atual campeão europeu, um verdadeiro selecionado do planeta bola, repleto de estrelas como Ronaldinho Gaúcho, Deco e Xávi. Em campo, o colorado dos pampas foi gigante, jogando de igual para igual, abatendo a estrelada equipe catalã nos minutos finais de jogo. O gol? Bem, por uma ironia do destino, viria dos pés de Adriano Gabirú, um dos atletas mais contestados pela torcida naquela época. A jogada foi construída pelo atacante Iarley, que estava em um dia extremamente inspirado.

Aos 97 anos de fundado, o Sport Club Internacional era campeão do mundo.

Internacional completa cem anos neste sábado

Foto: Crystian Cruz
Glória do desporto nacional/Óh, Internacional/Que eu vivo a exaltar... Este sábado, 4 de abril, é uma data muito especial para o futebol brasileiro, em especial o gaúcho: há exatos cem anos, nascia o Sport Club Internacional, que mais tarde estaria entre os grandes clubes do país. Ao longo de sua trajetória centenária, o colorado faturou todos os títulos que disputou, sendo que permanece entre o grupo seleto dos times que jamais foi rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, feito que divide com o Cruzeiro, Flamengo, São Paulo e Santos.


A semana festiva em memória do centenário do Inter foi a melhor possível. Desde o jogo da Seleção Brasileira contra o Peru, no Beira-Rio, na quarta-feira, passando pelos jantares nos consulados do clube por todo o Brasil, até a confirmação do show de Ivete Sangalo, Martinho da Vila e Zeca Pagodinho, para 17 de dezembro, no estádio colorado - sim, porque a festa terá prosseguimento até o final deste ano histórico.


Neste sábado, às 22h30, a ESPN Brasil exibe um documentário sobre a história do Inter, repleto de entrevistas com os grandes nomes do "clube do povo" ao longo dos tempos, como o craque Nena, um dos cérebros do antológico Rolo Compressor, time que jogava por música nas décadas de 1940 e 1950, simplesmente atropelando os adversários.




E a máquina dos anos 1970? Manga, Cláudio Duarte, Dom Elias Figueroa, Hermínio (Marinho Perez) e Chico Fraga; Caçapava, Falcão, Batista (Carpeggiani) e Mário Sérgio; Valdomiro (Lula) e Dadá Maravilha. Houve algum time mais completo na história do futebol nacional? Foi nessa época que o Internacional sagrou-se campeão brasileiro invicto (1979), feito que nenhum outro clube alcançou até hoje.


Os anos difíceis entre 1980 e 2000, quando o Inter ganhou um único título nacional, a Copa do Brasil de 1992, parecem ter servido apenas como um grande período de provação para o colorado, que escreveria seu nome com letras douradas na história do futebol do mundo a partir de 2006, quando foi campeão da Libertadores da América e campeão mundial em cima do poderoso Barcelona. Como se não bastasse, conquistou a Recopa Sul-Americana de 2007 e a Copa Sul-Americana em 2008 (único brasileiro a conquistá-la).


Parabéns, Internacional!

Sempre serás vitorioso, porque a tua força está em cada um de nós, onde quer que estejamos!