sexta-feira, 3 de abril de 2009

Dois momentos, dois opostos, uma síntese

É uma missão no mínimo complicada ter que escolher apenas dois momentos especiais, levando-se em conta uma história quão gloriosa como é a do Internacional nestes cem anos, completados neste sábado, 4 de abril. Mas eu mesmo me ofereci este desafio, o que me obrigou, naturalmente, a deixar de fora imagens inesquecíveis, como a da inauguração do Beira-Rio, que contou com a participação solidária do torcedor colorado; os títulos e jogadas fabulosas nos anos 1970; a conquista inédita da Libertadores em 2006; o gre-nal do século e tantas outras.
O primeiro momento escolhido pelo blogueiro refere-se ao ano de 1999. O Inter atravessava uma das maiores crises de sua história, fruto de administrações incompetentes e corruptas: estava prestes a cair para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro - algo inédito para o "clube do povo", que ao contrário do maior rival (bi-rebaixado), jamais deixou a eleite do futebol nacional. Para não ser rebaixado, o colorado, com um time modestíssimo, teria de derrotar o poderoso Palmeiras, atual campeão da América, que se preparava para jogar a final do Mundial de clubes, no Japão, dali a alguns meses, contra o Manchester United (ING).
A parada era das mais indigestas. O alviverde paulista tinha Felipão como técnico, além de craques como o lateral Arce, o meia Alex e o atacante Paulo Nunes. O Inter, trouxera de volta Dunga, anos depois de o ter revelado para o futebol mundial, e um contestado técnico Emerson Leão. O palco daquela tensa partida era o Gigante da Beira-Rio, numa noite de quarta-feira do mês de novembro. A TV transmitiu o jogo para todo o Brasil. Meu amigo Juliano e eu estávamos lá, contávamos 14 e 13 anos de idade, respectivamente.


Aos 36 minutos do segundo tempo, quando o confronto estava 0x0, placar que estava colocando o Inter na segunda divisão, o atacante Celso fez grande jogada, aplicou um lençol no volante Galeano e foi derrubado, próximo a meta defendida pelo goleiro Marcos. A falta era frontal - talvez a última chance de o colorado abrir o placar e matar o jogo. Nas arquibancadas, 55 mil torcedores faziam silêncio, assolados por uma tensão poucas vezes sentida antes.
E foi Celso para a bola, e a bola encobriu a barreira, e o goleiro Marcos estava prestes a fazer uma defesa tranquila, mas havia um Dunga no meio do caminho: colocado na pequena área, ele desviou-a levemente com a cabeça, colocando-a fora do alcance do goleiro paulista, dentro do gol. O Gigante explodira loucamente. Não sabíamos mais quem abraçávamos, tampouco o que gritar. O Inter, surpreendentemente, vencia o Palmeiras, livrava-se da vergonha do rebaixamento, e virava a década pronto para se reestrurar, em vez de ser abatido, definitivamente, pelo fantasma de uma decadência anunciada.
Sete anos depois, uma verdadeira virada de rumos se deu no Internacional, sobretudo a partir da posse do presidente Fernando Carvalho, em 2001. O colorado recuperou a hegemonia do futebol no Rio Grande do Sul, sagrando-se campeão estadual nos anos de 2002-2003-2004-2005. Em 2006, conquistava pela primeira vez, a taça Libertadores da América, contra o favorito São Paulo. Meses mais tarde, veio o título mais importante da história centenária do clube: o campeonato Mundial da Fifa, em Yokohama, no Japão.



Desacreditado em quase todo o mundo, o Internacional enfrentou na decisão o Barcelona, atual campeão europeu, um verdadeiro selecionado do planeta bola, repleto de estrelas como Ronaldinho Gaúcho, Deco e Xávi. Em campo, o colorado dos pampas foi gigante, jogando de igual para igual, abatendo a estrelada equipe catalã nos minutos finais de jogo. O gol? Bem, por uma ironia do destino, viria dos pés de Adriano Gabirú, um dos atletas mais contestados pela torcida naquela época. A jogada foi construída pelo atacante Iarley, que estava em um dia extremamente inspirado.

Aos 97 anos de fundado, o Sport Club Internacional era campeão do mundo.

Nenhum comentário: