quarta-feira, 29 de julho de 2009

Cresce apelo para que jovens se engajem nas causas ambientais*

Foto: Rusty StewartEm meio as discussões dos líderes internacionais sobre as mudanças climáticas, crescem os apelos para que jovens de todo o mundo se engajem, cada vez mais, nas causas relacionadas ao meio ambiente, principalmente quando o assunto é o efeito estufa. Na segunda-feira, 27 de julho, Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, pediu aos jovens para ajudar o planeta a combater o aquecimento global, em sua visita à Mongólia. Durante evento em Brasília no dia 17, a senadora Marina Silva (PT-AC) já havia solicitado que os adolescentes brasileiros levantem essa bandeira, com o objetivo de mobilizar a sociedade civil e governos.

Da Mongólia, país que tem registrado avanços em relação ao regime democrático e ao setor financeiro, mas que segue com sérios desafios ambientais, o secretário-geral das Nações Unidas destacou o poder que os jovens possuem para convencer outros, de mesma faixa etária, a aderirem à luta pela preservação ambiental. Ban informou que irá convidar vários adolescentes de diversos países para a reunião sobre Mudança Climática, que será realizada em setembro, em Nova York, a cerca de três meses da convenção da ONU sobre o tema (COP-15), em Copenhague, na Dinamarca.

Foto: Elza Fiúza/ABr
Marina
Já Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente, conclamou a juventude brasileira para participar da construção de um novo modelo de desenvolvimento sustentável, durante o 51º Congresso Nacional da União Nacional dos Estudantes (Conune), em Brasília. Ela foi aplaudida de pé por aproximadamente 300 pessoas que assistiram ao discurso. "Não será fácil reduzir as emissões de gás carbônico para evitar o aquecimento global. Mas se os jovens fossem pragmáticos, não acredito que seria possível derrubar o regime militar", comparou.
Minc é cobrado pelos jovens
Cerca de uma semana depois do pronunciamento de Marina Silva, a Rede de Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade (Rejuma), chamou a atenção das pessoas presentes no VI Fórum de Educação Ambiental, realizado entre os dias 22 e 25, no Rio de Janeiro. Os jovens entregaram um manifesto ao ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que participava do evento, para expressar insatisfação com a atual situação da política brasileira para o meio ambiente. De acordo com Efraim Neto, moderador da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental, as principais reivindicações presentes no documento foram:

  • A aprovação do PEC 115/150 (PEC do Cerrado e da Caatinga);
  • O não-desmantelamento do Código Ambiental Brasileiro;
  • A continuidade da Política Nacional de Educação Ambiental por meio dos coletivos jovens, coletivos educadores, salas verdades e das Conferências de Meio Ambiental, tanto a adulta como a infanto-juvenil;
  • A efetivação do Programa Nacional de Juventude e Meio Ambiente.

*Matéria escrita pelo blogueiro e publicada no portal EcoDesenvolvimento.org

Paquistão planta cerca de meio milhão de árvores em 24h*

Foto: Ivan Makarov
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) informou que o governo do Paquistão conseguiu uma entrada no Guinness Book (livro de recordes mundiais) depois de plantar mais de 540 mil árvores em apenas 24 horas.
A iniciativa integra o programa do Pnuma, intitulado "Bilhão de Árvores", que pretende plantar uma árvore por cada habitante do mundo para ajudar a combater o aquecimento global.
Equipamento

Segundo o Pnuma, as árvores do Paquistão foram plantadas por 300 voluntários no dia 15 de julho, sem a ajuda de nenhum equipamento mecânico.
No total, foram semeadas 541.176 mudas nos pantanais no delta do Rio Indus, no distrito de Thatta, que fica ao Sul do país.

O Paquistão declarou 2009 como o seu "Ano Nacional de Proteção do Meio Ambiente".

Desde janeiro, o país já semeou 70 milhões de mudas e pretende plantar mais 50 milhões até dezembro.

*Com informações da Rádio ONU, no portal EcoDesenvolvimento.org

Quando a moqueca desanda

Foto: Carla Arena
A Alzira era a melhor cozinheira de Salvador. Extremamente simpática e atenciosa, aquela bisneta de escravos vindos do Senegal chamava a atenção por suas maravilhosas moquecas de camarão – atração principal do badalado restaurante Panela de Barro, situado no bairro do Rio Vermelho.

Trabalhadores de todas as classes sociais, boêmios, artistas e até mesmo políticos frequentavam o Panela de Barro todas as semanas. Cabe destacar que eles não se deslocavam até o Rio Vermelho apenas por causa da bela vista para o mar, tampouco devido ao ambiente simplório e carente de reforma do restaurante: eles só queriam saber da fervilhante, apimentada e suculenta moqueca da Alzira.

Só para se ter ideia, lembro de uma vez, em que eu estava defronte a Igreja do Senhor do Bonfim, na Cidade Baixa, e observei um turista agitado, provavelmente norte-americano, fazendo, num português desajeitado (fruto do desespero), a seguinte pergunta para o fiteiro (vendedor das famosas fitinhas):

- Onde ficar o Panela de Uarro? Ai querer conhecer Alzira. Ai querer comer a moukeka da Alzira!

- No Rio Vermelho, meu patrão. Respondeu o comerciante, já acostumado com questionamentos como este, afinal, Salvador só tinha seis pontos “estereotipadamente” turísticos à época: Farol da Barra, Lagoa do Abaeté, Igreja do Senhor do Bonfim, Pelourinho, Dique do Tororó e, é claro, o Panela de Barro, este último, já sabemos, em razão da fantástica moqueca de camarão de Alzira.

Em uma belo dia, ou melhor, numa bela tarde ensolarada na capital baiana, a “Solvador” descoberta por Caimmy, segundo Tom Zé, resolvi convidar os colegas de trabalho para almoçarmos no Panela de Barro. Éramos aproximadamente 20 pessoas, ao todo, sendo que um de nós aniversariava. Para comemorar, nada melhor do que moqueca de camarão, nada melhor do que a especialidade-mor das mãos abençoadas de Alzira.

E lá fomos nós, certos de que comeríamos como verdadeiros reis naquele fatídico dia. Eu mesmo, que frequentava o Panela de Barro no mínimo três vezes por semana, cansei de me sentir o rei do Rio Vermelho, imperador do mundo, depois de me acabar nos labirintos suculentos da moqueca de camarão da Alzira. Ah... Que delícia! Chego a ficar com água na boca só de lembrar.

Então, logo que chegamos ao restaurante, pedimos uma porção de mesas para que pudéssemos ficar juntos, conversando sobre tudo o que não fosse trabalho, enquanto nossos paladares já se aguçavam por instintivamente anteverem o que estava por vir. Avistei o gerente, que andava de um lado para o outro. O curioso é que ele sempre parecia tão calmo, certamente pelo sucesso do seu Panela de Barro, graças as mãos divinas de Alzira. Mas não naquela tarde. Seus olhos estavam arregalados, suas mãos tremiam e ele bebia, contra a própria vontade, uma caneca de água com açúcar.

Cliente das antigas que eu era, chamei-o para saber o que estava acontecendo.

- Olá! Tudo bem? Onde está dona Alzira? Trouxe um pessoal para conhecer a famosa moqueca que ela faz.

E o gerente, choroso, com a voz embargada:

- Você não sabe o que aconteceu! A Alzira fraturou a mão hoje pela manhã. Ficará 15 dias longe da cozinha! Estou arruinado!

BBBBBBBBBBUUUUUUUUUUUUUUMMMMMMMMMM!!! O mundo desabou sobre todos os clientes do Panela de Barro depois daquele anúncio apavorado do gerente. Senti que o final dos tempos estava próximo. E agora, o que fazer sem a moqueca de Alzira? Os que já sabiam da péssima notícia estavam apreensivos, mas não arredavam o pé do Panela de Barro, na vã expectativa de que a tal da fratura não passasse de uma brincadeira de mal gosto.

Mas não era. O negócio era sério mesmo. Para tentar amenizar a tragédia, o gerente tinha que tomar uma decisão indigesta, logicamente precisa e eficaz: escolher uma substituta para ninguém menos que Alzira – a cozinheira mais afamada de Salvador. Havia duas opções. A primeira alternativa era Gorete, uma espécie de faz-tudo da casa, excelente auxiliar de serviços gerais, mas que, na cozinha de Alzira, não metia a mão. No máximo, fritava algumas batatas para pratos secundários. Não cozinhava mal, mas era tudo o que a nossa deusa das cambucas de barro não era: um ser mortal comum.

A outra alternativa era Jacira, cozinheira experiente, natural substituta de Alzira. Jacira também era muito simpática, o que fazia com que ela também fosse a principal recepcionista do restaurante. Qual foi a decisão do gerente, hein, hein? Pasmem: ele escolheu Gorete, porque, a princípio, não queria perder a simpatia de Jacira na porta do Panela de Barro, depois de já ter ficado sem Alzira.

Todos ficaram apreensivos. Mais de uma hora depois de termos pedido a moqueca, eis a surpresa desagradável: o camarão estava salgado demais, o dendê carregado ao extremo, às borbulhas aferventadas borbulhavam de forma menos reluzente do que o normal, em suma: um grande fracasso! A moqueca do Panela de Barro desandou, pela primeira vez, em 28 anos de história intocável. Motivos: a lesão de Alzira e o erro de decisão do gerente. Para completar, ficamos uma semana no banheiro passando mal do estômago – cada qual a seu turno, é claro.

O técnico do Bahia, Paulo Comelli, tinha três alternativas para suprir a falta do meia Ananias, que até então era o melhor em campo na vitória parcial do “tricolor de aço” contra o Juventude, na noite de quarta-feira, 28 de julho, no estádio de Pituaçu. Uma delas era colocar Dedé na lateral-esquerda e passar Ávine para o meio de campo. As outras duas passavam pelas entradas ou de Nádson ou de Alex Terra, até porque o time caxiense dava espaço demais pelas alas do campo, e parecia estar pedindo para levar uma goleada dos baianos.

Mas Comelli tomou uma decisão errada. Colocou Dedé no meio de campo, numa função que ele exerceu, pela última vez, no início da carreira. O esquema tático do Bahia, até então bem postado e superior ao do adversário, perdeu força ofensiva, passando a atrair o Juventude para o campo de defesa, a partir do segundo tempo. O tricolor venceu a primeira etapa por 2x0, mas logo sucumbiria na metade final da partida, quando os gaúchos empataram, dominaram os donos da casa e, por uma questão de tempo e azar, não saíram de Salvador com três pontos na bagagem. Méritos para o técnico Ivo Wortmann, que fez as mudanças certas, sem medo de ser feliz.

Com o resultado, o Bahia deixou de ficar a 4 pontos do quarto colocado do Campeonato Brasileiro da 2ª Divisão, chegando a sua terceira vitória consecutiva. Se o técnico Paulo Comelli não quiser deixar a nação tricolor com o coração na mão, terá que rever alguns conceitos e fazer as trocas necessárias na hora certa, além de cobrar mais atenção dos seus comandados, que ontem deram mole quando achavam que a cobra já estava morta. Do contrário, o famigerado torcedor do Bahia passará mais um ano no inferno da Série B, distante da grandeza que significa a elite do futebol nacional.

Na noite de ontem, a moqueca do Bahia desandou.

terça-feira, 28 de julho de 2009

A "mulher vulgar" (ou como olhar uma gostosa com a sua mulher ao lado)

Foto: Galeria Experiência
Essa já faz tempo: cerca de uns seis anos. Eu morava no Rio Grande do Sul, ainda, e sequer imaginava que um dia viria para à Bahia (até hoje não acredito que estou aqui). O fato é que eu estava na praia de Capão da Canoa, no litoral gaúcho, bebendo uma cervejinha com uma namorada dos tempos de escola, sobre a areia, a beira mar. Um amigo, de nome Vinícius, nos acompanhava. Eis que, de repente, vinha vindo uma gostosa daquelas de enlouquecer o peão. O sacana do meu camarada logo me deu um toque, sem que a "nega véia" pudesse perceber.


Não acreditei. Era uma loira espetacular! Cabelo longo, sedoso, olhos verdes (um verde-oliva que não aquele barrento, das praias gaúchas), ai meu deus, e o biquini? Preto, pequenininho, moldado para aquele corpaço bronzeado que, ai... E a guria se aproximava de onde nós estávamos, requebrando tal qual a garota de Ipanema, valorizando aquelas curvas intermináveis em cada passo, em cada compasso.


Pensei: quando ela passar por aqui, vou ter que dar uma olhada daquelas! Azar! Como as mulheres comprometidas parecem sofrerem da maldição de perceber a proximidade da progesterona alheia, ocorreu que a minha companheira, que se bronzeava solenemente, posionada de bruços, resolveu virar e se colocar sentada, assim como estávamos Vinícius e eu, como em uma arquibancada do Beira-Rio.


Mas minha consciência travestida de diabinho procurava me tranquilizar, diante daquela boa tensão: calma, rapaz, vou te ajudar! Olhe a gostosa na cara-dura, que tudo vai dar certo!


Eu queria seguir o conselho, mas, por outro lado, minha consciência travestida de anjinho fazia das tripas o coração para equiparar a balança: olhe, Murilo, se você for atrás das ideias do meu inimigo vermelho e preto, vais acabar dormindo no sofá!


Mas não tinha jeito. A gostosa estava próxima. Vinícius delirava só de ver: Aaahhh, Uuuuhhhhh, todos os gemidos e sussurros possíveis. A praia toda parou para vê-la (aquele bumbum escultural, minha nossa!) - ela era demais mesmo. A tal ponto que a minha então namorada chegou ao ponto de dizer: olha, Murilo! Olha porque ela é gostosa mesmo!


Bah, aí eu enlouqueci (sequer respondi). Olhei mesmo! Discaradamente, sem vergonha, desprovido de pudor algum, olhei de cima a baixo, os lados todos, me deliciei só de ver, porque era o possível naquele contexto. Em seguida, a loira foi embora, já ia lá longe no horizonte. Mas a minha namorada estava me fitando, com cara de poucos amigos, de pouca conversa. Agora, a situação era pavorosa, de pavor-pânico.


Eu pensava nas saídas possíveis.


Lembrei do diabinho da consciência: "cadê aquele fdp que prometeu me ajudar?".


Então, talvez por influência dele, que se via evocado, tive uma ideia. Virei completamente para a minha namorada, encarei-a de frente, olhando nos olhos, e disparei a questão:


- Amor, tu viu que mulher vulgar aquela? E aquele biquinizinho? Amor, duvido que tu usarias um biquini daqueles!


PPPFFFFFFFFF! Lá estava o Vinícius cuspindo a cerveja de tanto dar risada, em vez de me ajudar, ficando quieto.


Apesar de ter dormido no sofá, horas mais tarde, como bem avisou o lado angelical-todo-certinho-e-infeliz de minha consciência, confesso que foi a melhor sacada que já tive numa situação de adversidade como aquela.


Com o afrouxamento da puberdade, me transformei, praticamente, em um santo, nas praias quentes e maravilhosas da bela São Salvador.

Leitura Musicada aborda a nostalgia como tema na sexta-feira

Imagem: Mara ~earth light~ (nflorence2012 in Love)
Gente: quem está em Salvador e adora a relação da literatura com a música precisa conhecer o projeto Leituras Musicadas, que dá um show de lirismo e bom gosto nas noites culturais da capital baiana. Na próxima sexta-feira, 31 de julho, as artistas Marita Ventura e Alice Barreto declamarão um poema de Alberto Caieiro e um conto de Ricardo Sangiovani. O local do evento é o mais inspirador possível: a livraria Tom do Saber, no bairro do Rio Vermelho. Para completar, a entrada é franca! Isso mesmo!


A direção da leitura fica por conta de Karina Allata e da minha querida amiga Thais Alves - elas também selecionam os textos. Já a música desse encontro será da instrumentista e intérprete Suzana Bello. Imperdível!


O quê: projeto Leitura Musicada - Tema: Nostalgia

Quem: Marita Ventura, Alice Barreto e Suzana Bello.

Quando: sexta-feira, 31 de julho.

Onde: Livraria Tom do Saber, no Rio Vermelho, Salvador, Bahia.

Horário: 20h.

Quanto: entrada gratuita.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Brasil tem credibilidade para atrair negócios "verdes", afirma pesquisa*

África do Sul e Brasil são os melhores países para se investir na área de sustentabilidade. Quem garante é uma pesquisa do The Bank of New York Mellon. Segundo Curtis Smith, diretor-geral do banco aqui no país, os setores financeiro e energético estão em alta no território brasileiro, razão suficiente para estimular as empresas a investirem nos chamados "negócios verdes", que, de acordo com o executivo movimentam U$ 2,5 trilhões. Ele esteve recentemente em São Paulo, onde participou de um seminário sobre o desenvolvimento sustentável e o mercado de capitais (Leia a matéria na íntegra no portal EcoD).

*Matéria feita pelo blogueiro e publicada nesta segunda-feira, 27 de julho, no portal EcoDesenvolvimento.org).


quinta-feira, 23 de julho de 2009

Frase do dia

Foto: Samuca Matata
"Como o nível da Folha está caindo: antigamente, Caetano polemizava com Paulo Francis, hoje, o coitado tem de se contentar com Mônica Bergamo" - comentário do internauta Wilson Moreira dos Santos no portal Comunique-se, sobre a polêmica entre o músico Caetano Veloso e a colunista Monica Bergamo. Na quarta-feira, 22 de julho, em entrevista à Ilustrada (caderno cultural da Folha de S. Paulo), o compositor baiano afirmou que foi tratado pelo jornal da família Frias "como um misto de Sarney e Dado Dolabella", em razão da turnê de seu novo show contar com recursos estatais do Ministério da Cultura.


O casamento, a vaquinha e o futebol

Arte sobre a foto: Marina Oliveira
O Aderbal era um companheiro exemplar para a Beatriz. Marido trabalhador, amoroso e extremamente dedicado, ele vivia quase que exclusivamente para a sua amada “Bia”, como carinhosamente se referia a ela, sempre venerando como sagrada aquela relação admirada e invejada por todos.

Por sua vez, Beatriz, a esposa de Aderbal, mulher de meia idade (assim como ele) e repleta de virtudes, correspondia plenamente ao amor do marido, procurando satisfazê-lo em todos os sentidos – sentia-se a mulher mais feliz do mundo. Em suma, passados alguns anos, aquele casal de classe média e qualidades mil era só felicidades, apesar de todas as dificuldades que todos nós enfrentamos no nosso dia a dia.

Ocorre, amigo (a) leitor (a), que outros anos se passaram, assim como as ondas da canção de Lulu Santos e, com eles, alguns sentimentos foram se esvaindo aos poucos, no contato com a areia, à beira-mar do amor. Imagine que o cheiro do Aderbal não despertava mais os sentidos da Beatriz. O perfume dela também passou a ser indiferente para o olfato implacável do Aderbal, outrora, um alucinado pela fragrância instigante da sua mulher.

Os olhos do casal Aderbal e Beatriz deixaram de brilhar, ganharam cavidades escuras, olheiras intermináveis e um aspecto terrível de cansaço e solidão. Tudo porque as brigas passaram a ser constantes, motivadas por fatores que durante muito tempo não existiram: desgaste, intolerância, ciúme. Eu falei em desgaste? Isso! A relação dos dois alcançou um nível insuportável. Estava desgastada. “Quem sabe o príncipe virou um chato?” Quem sabe a princesa transformou-se numa plebéia comum de um lugarejo qualquer?

Eis que, certa feita, um entristecido Aderbal se aproximou de casa, abriu o portãozinho de madeira, fez um carinho prolongado em Flipper (o cachorro da família que tinha cara de golfinho), entrou no lar, sentou na banqueta de vime e chamou os gêmeos, de 6 anos de idade, para uma conversa emocionada, honesta e franca. Papai precisava ir embora, mas ficou combinado que sempre os veria nos finais de semana. As crianças não entendiam muito bem aquela situação, mas o pouco que compreenderam foi o suficiente para que chorassem bastante, pedindo para que o pai não fosse embora.

Ao presenciar aquela cena, Beatriz chorava no canto da sala, inconsolável. Sabia que um amor tão bonito se transformaria, depois de muitos momentos inesquecíveis, em “bom dia”, ou em telefonemas irregulares do tipo: “Olá, Beatriz. Tudo bem de eu levar os meninos no zoológico, no sábado?”. Enfim, era o fim. Aderbal não fez questão de quase nada. Ele só levou um livro do Jorge Luís Borges e o seu cavaquinho Rozzini, debaixo do braço, despediu-se rapidamente da agora ex-mulher e dos filhos, e foi embora, sem mais.

Na faculdade de jornalismo, eu tive um professor com um senso de humor impagável, chamado Guilherme Maia. Um belo dia, conversávamos sobre “coisas da vida” no intervalo de uma das aulas, juntamente com o meu camarada Alex Jordan, sendo que o assunto, de uma hora para outra, foi cair em casamento. Macaco velho de vários carnavais, o mestre resolveu nos transmitir a “teoria da vaquinha” (espero que vocês ainda não a conheçam).

Pois bem, a teoria consiste na ideia de que, quando nos casamos, meio que sem saber, levamos uma vaquinha imaginária conosco (isso mesmo, branquinha com manchas pretas e tudo!), para dentro da nossa relação. Isso significa dizer que, a depender do nosso comportamento, a vaquinha, serelepe e inocente, segue a passos largos rumo ao brejo. Em verdade, nos dias atuais, de capitalismo selvagem e perda de valores, a tendência é a de que a vaquinha vá para o brejo sempre – poucas acabam se salvando e conseguem voltar para os campos verdinhos, cheios de grama suculenta (acreditem). Pode ser que façamos a proeza de livrar nossa vaquinha da sujeira e frieza do brejo, mas é difícil.

O que eu quero dizer é que o técnico Tite, do Internacional, já deveria ter colocado seus bons livros e o seu cavaquinho debaixo do braço, assim como fez o Aderbal, agora, o ex-da Beatriz. Ele é competente e dotado de um caráter raro no futebol brasileiro, mas já perdeu o controle do grupo que tinha em mãos, até certo tempo. Sob o comando do colorado, ele conquistou a inédita Sul-Americana e um Campeonato Gaúcho de forma invicta, criando uma relação carinhosa com a instituição Inter, seus torcedores e a própria imprensa esportiva (sempre temida).

Hoje, Tite não consegue mais colher bons frutos dessa relação, que por sinal sofre um desgaste semelhante ao do ex-casal Aderbal e Beatriz. Ele é visto com desconfiança no clube, deixou de ter o apoio dos torcedores e parece, de certa forma, boicotado por alguns jogadores de reconhecida qualidade, mas, que por alguma circunstância estranha, que nos foge, parecem ter desaprendido a fazer o que de melhor sabem: jogar futebol. O técnico anda pressionado, dormindo mal, causando, indiretamente, um mal-estar na própria família, preocupada com as preocupações dele.

Confuso, perdido, Tite virou um técnico comum rapidamente. O que eu entendo como comum? Explico. Quando o time vai mal em campo (como no segundo tempo do último Gre-Nal e do jogo contra o São Paulo), ele não substitui quem está comprometendo por puro receio de errar na alteração. Ele não muda nada, até a equipe sofrer um gol. Ao se desenhar uma derrota eminente, o treinador do Internacional resolve, então, fazer as trocas necessárias, naturais, vitais para que as coisas funcionem, para que os jogadores melhorem na partida, fortalecendo o coletivo. Mas aí já é tarde. E assim se fazem as derrotas em tudo na vida: o medo convive com elas. Você tem medo de errar ou medo de amar (ou ambos)? Cuidado: sua vaquinha está perto do brejo - ou já totalmente atolada nele.

Tite não merece o que está passando no Inter. De tão competente e prestigiado, mesmo com a atual fase insuportável, não será demitido, pois conta com a total aprovação de Fernando Carvalho, vice-presidente e homem forte do futebol do colorado. Só vai embora se pedir, mas ele não pede, acredita na recuperação dele, do grupo que comanda e, óbvio, da vaquinha que está bem pertinho do brejo. Se pegasse seu cavaquinho, como o Aderbal, Tite ganharia um emprego em outro grande clube rapidamente, talvez um time árabe, desses xeiques milionários que pagam em "petrodólares". Teria uma nova chance para voltar a ser o que era e recuperar sua autoestima. O Internacional também ganharia um recomeço providencial com o choque referente ao término dessa longa relação.

Mas Tite ainda não teve a serenidade e a coragem de Aderbal. É uma pena.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O FENÔMENO DOS "BUZÚS": EDSON LOUCO POR MÚSICA

Charge: Carlos Eduardo Freitas
Por Carlos Eduardo Freitas* [cadusongs@yahoo.com.br]
Depois do primeiro acorde, do cantarolar das primeiras melodias e das performáticas contorcidas no corpo, aquela viagem no "buzú" [ônibus que faz o transporte público, para os mais polidos] não foi mais a mesma. Era uma noite fria de sexta-feira. O ônibus saíra quase cheio do Terminal Rodoviário de Camaçari, com destino a Lapa, na capital baiana. Já se passava das 20h.

De canção evangélica, passando por baladas nacionais dos anos de 1990 até clássicos dance internacionais, aquela viagem foi mesmo insólita. Com uma cabeleira de dar inveja à Maria Betânia, Gal Costa e Vanessinha da Mata, ele, Edson Louco Por Música, como se auto-define artisticamente, deu um verdadeiro show. É fato que o povo se divertiu mais com as caras e bocas, sua apresentação digna de um pop star, mas ele também cantava.

O tal artista de rua ganhou até um trio de baking vocal: três senhores, que voltavam animadinhos de mais uma jornada de trabalho fez coro às baladas românticas executadas por Edson LPM [Louco Por Música – lembram, né?!].

No início, quando ainda afinava seu violão, algumas senhoras, que estavam sentadas próximas a ele, se distanciaram. Acho que já previam a cantoria e preferiram ‘fugir do barulho’. Mas, o trio de cantadores, que se somaram à apresentação de Edson LPM, já mostrou serviço desde o início. O ‘músico de buzú’ dedilhava uma famosa canção de Fagner, e eles já o interpelavam cantando em coro: “Quem dera ser um peixe, para em seu límpido aquário mergulhar, fazer borbulhas de amor pra te encontrar...”.

O ápice, o clímax do ‘show’, foi mesmo quando ele tocou, em inglês bem baiano, o clássico
Go Out And Get It, de Elton John. Os passageiros foram ao delírio quando, empolgado, o motorista do ônibus deu uma de cenógrafo e fez jogo de luz dentro do veículo, dando um ar de discoteca, na escura Via Parafuso. Foi fantástico. Os risos foram aos montes. A diversão foi impagável.

Após cerca de 20 minutos de apresentação, o rapaz, revelou sua história. “Boa noite, gente! Eu sou Edson Louco Por Música. Durante o dia, eu vendo mingau, para ajudar no meu sustento. À noite, faço esse trabalho nos ônibus”, e continuava: “Já participei do programa Ídolos, mas não passei. Mas, continuo tentando realizar meu sonho, que é ser um verdadeiro cantor”. Ele deixou o telefone de contato, para quem quiser levar o intrépido show dele para festinhas de aniversário, churrasco com os amigos, entre outros.

Essa foi mais uma história verídica daqueles que fazem enfadonhas viagens de ônibus, em terras metropolitanas da grande Soterópolis, um passatempo divertido. Viva Edson Louco Por Músico, o fenômeno dos Buzús!
*Carlos Eduardo Freitas é jornalista e escritor, autor de "Histórias de EVA: mais uma vez, toque de recolher no Buraco da Pedra da Onça", livro-reportagem em parceria com André Luís Gomes e André Frutuoso que retrata a história da Estrada Velha do Aeroporto, região de Salvador. Ele contribui para o blog do Murilo Gitel desde janeiro de 2009.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

"Não foi um bom casamento", afirma Talese, sobre a relação imprensa x governo Bush

"Não foi um bom casamento". Foi dessa forma que o jornalista norte-americano Gay Talese, tido como o "Picasso das reportagens", definiu a relação do governo do ex-presidente dos Estados Unidos, George W. Bush com a imprensa do seu país de origem, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que vai ao ar às 22h10 de segunda-feira, 20 de julho.
Na concepção de Talese, depois dos ataques de 11 de setembro, a imprensa norte-americana abraçou a causa anti-terrorista e o jornalismo se enfraqueceu. Ao abordar o "fazer jornalístico", Talese afirmou que o jornalismo não é feito de perguntas e respostas. "Circule, veja as pessoas, você vai encontrar outras histórias", exemplificou.
O autor de clássicos do movimento New Journalism, como Fama e Anonimato; O Reino e o Poder; e A Mulher do Próximo, Talese também relatou a entrevista que fez com Fidel Castro, a bordo de um avião. “Foi uma entrevista não-verbal. Feita basicamente por observação. Fidel Castro é uma personalidade com grande caráter”, declarou.
Exibido às 22h10, nas segundas-feiras, o Roda Viva será apresentado, excepcionalmente por Paulo Markun. Entre os jornalistas convidados para a bancada estão Carlos Eduardo Lins da Silva (ombudsman da Folha de S. Paulo); Regina Echeverria (jornalista); Humberto Werneck (jornalista e escritor); e Caio Túlio Costa (jornalista e professor de Jornalismo na Cásper Líbero e consultor de Novas Mídias). A edição será legendada.
*Com informações do portal Comunique-se

domingo, 12 de julho de 2009

Pequeno conto de um quase grande amor

Foto: S~revenge

Ana Letícia entrou no ônibus lotado, pagou a passagem ao cobrador e, em seguida, procurou um lugar no corredor do coletivo para se ajeitar: era algum mês de 1968.

Um rapaz perguntou se ela gostaria que ele segurasse sua sacola plástica durante a viagem, ao que Ana sinalizou positivamente com a cabeça.

No percurso, ela o fitou algumas vezes através do reflexo da janela. Pensou: além de interessante e bonito, educado...

Passados 35 anos, ao lado de um copo de whisky com guaraná, ela refletia:

- Aquele... Aquele rapaz que não mais vi, jamais foi meu grande amor.

Mas poderia ter sido.

2º prêmio MG de Literatura contempla quatro escritores

Arte: divulgação
*Post sugerido pela leitora Thamires Andrade

Uma iniciativa da Secretaria de Cultura do Estado de Minas Gerais, o prêmio Minas Gerais de Literatura chegou a sua segunda edição em 2009, e a realização do evento para a entrega da premiação se deu no dia 8 de julho, na Academia Mineira de Letras. Os escritores Luis Fernando Veríssimo, Reni Andrade, Eduardo Oliveira e Maria Zilda Freitas foram os grandes vencedores deste ano.
Com mais de 60 livros publicados, o gaúcho Luis Fernando Veríssimo venceu devido ao conjunto de sua obra, que envolve, principalmente, romances e crônicas - normalmente com altas doses de bom-humor. “Temos ótimos escritores e gente jovem aparecendo, mas por causa das restrições do mercado editoral brasileiro não tem como publicar. Por isso, esse tipo de iniciativa do Governo é importantíssima, não só pelo prêmio em si, mas pela divulgação”, destacou L. F. Veríssimo.
Já o filósofo mineiro Reni Andrade faturou a estatueta na categoria Ficção. Ele é o autor de "Lugar", trabalho que retrata o imaginário mítico-popular brasileiro. Sua obra superou a de outros 160 inscritos.
Quando o assunto foi poesia, o contemplado foi o cearense Eduardo Jorge de Oliveira, autor de "A língua do homem sem braço". Para receber o prêmio seu trabalho foi eleito o melhor de 674 concorrentes. A obra aborda a temática corpo dentro do poema e como este primeiro se reflete na escrita. O poeta já publicou dois livros de poesias: San Pedro (2004), editoração própria; e Espaçaria (2000), da Lume Editor – escreve para o caderno Pensar, do jornal Estado de Minas e já teve poemas publicados no Suplemento Literário.

Maria Zilda Santos Freitas, 24 anos, conquistou o prêmio na categoria jovem Escritor Mineiro. Ela é estudante de Letras na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e teve seu romance “Insetos” (ainda não publicado) reconhcido pelos jurados. Na narrativa, a universitária apresenta a história de uma menina órfã, que ao se perder na cidade grande, torna-se uma observadora da metrópole. Assim como em “A Metamorfose”, de Franz Kafka, o inseto passa a ser uma sígno do absurdo, quando todos os personagens são metaforizados como insetos.
Incentivo
Ao todo, a 2ª edição do prêmio contou com cerca de 900 inscrições provenientes de diversos estados do Brasil. Foram entregues aos vencedores R$ 212 mil, divididos entre as quarto categorias. Desde 2003, 3.495 projetos de 156 municípios mineiros foram assistidos pela Lei de Incentivo à Cultura. Outros três prêmios foram criados para incentivar o cinema, a música e as artes cênicas. Neste ano, serão distribuídos mais de R$ 7 milhões em incentivos, somando o Prêmio de Literatura, Filme em Minas, Música Minas e Cena Minas.
Nosso feijão
Enquanto a área cultural de estados como Minas Gerais vive um bom momento, o mesmo não se pode dizer da Bahia, onde o secretário de Cultura, Márcio Meireles, é o pivô de uma suposta crise. De um lado, produtores culturais e artistas, como a dramaturga Aninha Franco, criticam duramente a gestão do atual chefe da pasta destinada ao setor aqui no estado, acusando-o de "frágil".
Já de outro, o governo Wagner se defende, afirmando que a cultura foi descentralizada na atual gestão, deixando de ser exclusividade da capital Salvador e chegando ao interior baiano, e que uma possível crise no setor cultural da Bahia nada mais é do que perseguição das "viúvas do carlismo", que teriam perdido as "tetas gordas" de uma máquina pública que só benefeciava alguns, em troca de favores suspeitos.
Vamos refletir.
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Logo agora

Imagem: Sabrina Campagna
Composição: Jorge Aragão/Jotabê

Logo agora...
Agora, justamente agora
Agora que eu penso em ir embora
Você me sorri... me sorri
Passou a noite inteira
Com seu amor do
Fingiu um bocado
Mas, hoje em dia,
Os amores são assim...

Ele foi embora
Nem faz uma hora
Pensando quem sabe nos beijos
Que você lhe deu.
Tolo, pensou que beijar sua boca foi consolo...
Despertou o instinto da fêmea
Que agora que se deixar abater
Se sentir caçada, dominada até desfalecer.

Agora eu entendo o sorriso...
Ele é que não entendeu
Se não fez amor com você
Faço eu!

Agora entendo o sorriso
Ele é que não entendeu
Se não fez amor com você
Faço eu!
Logo agora...




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sexta-feira, 10 de julho de 2009

O apocalipse da Paralela

Salvador (antiga ACMlândia), sexta-feira, 10 de julho de 2009, 7h35.

Temos 10 quilômetros de engarrafamento na Avenida Luiz Viana Filho, a popular Paralela.

O órgão de trânsito da capital baiana, a Transalvador, justifica:

"Há um grande evento religioso no estádio de Pituaçu".

Penso eu: ué?! Eles estão reunidos para falar do tal do Apocalipse (o bíblico) e acabam criando outro apocalipse (o de tráfego)? Encontram-se para difamar o pobre coitado do satanás e são responsáveis pelo inferno diário da Paralela?

É. Estamos na cidade da crônica pronta. Falta apenas o pranto e o ranger de dentes.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

A pergunta que deixou de ser feita e o zoológico do Bahia

Em jornalismo, quando perguntas importantes deixam de ser feitas, a matéria perde relevância, a informação fica incompleta e a sociedade ganha mais dúvidas do que elementos para refletir e se posicionar. Na segunda-feira, 6 de julho, logo depois de o ex-técnico do Bahia, Alexandre Gallo ser demitido, um experiente repórter de uma das emissoras de TV aqui de Salvador entrevistou o gestor de futebol do Bahia, o polêmico Paulo Carneiro.

Evidentemente, o colega jornalista fez as perguntas de praxe ao cartoloa como, por exemplo, quem viria a ser o novo comandante do vestiário do "tricolor de aço" - a natural sondagem em Geninho, que não podia ficar de fora, também foi inclusa no pacote de questionamentos. Em casa, diante da TV, eu esperava, quase que impaciente pela questão principal a ser dirigida ao dirigente. Poderiam ser duas até, desde que tivessem o seguinte sentido:

- Gallo é o único culpado da campanha ruim que o Bahia faz em 2009?

- A demissão do técnico e a contratação do substituto fará com que o time ganhe a qualidade que não teve até agora?

Mas o pior é que as perguntas fundamentais deixaram de ser feitas. Outra hipótese, é a de que o editor tenha deixado as mesmas de lado, sabe-se lá deus (ou o diabo) por qual motivo. O fato é que a entrevista reproduziu exatamente a intenção desejada pela diretoria do Bahia: a ideia de que o Gallo é o culpado pela perda do título baiano para o rival, além da eliminação precoce na Copa do Brasil e a campanha deplorável no Brasileirão da Série B.

Como diria o "filósofo" Homer Simpson, "a culpa é minha e eu a coloco em quem eu quiser"...

A entrevista foi encerrada e as perguntas mais importantes não foram feitas.

Paris
Mas nem tudo está perdido na terra do nunca. Um dia depois, 7, o jornalista Oscar Paris assinou sua coluna Gol de Placa, no jornal A Tarde, sob o título "De Canela", em que manifesta concordância com a demissão de Gallo, mas ao mesmo tempo faz questão de enfatizar a culpa da diretoria do Bahia devido a tudo o que temos visto desde que o ano começou. Reproduzo agora o melhor trecho do texto:

"Logo, não são apenas os atletas que estão tropeçando na bola. A jogada começa errada já no gabinete, onde são decididas as contratações. Gallo, como chefe do vestiário e homem que escala, tem lá sua parcela de culpa, evidente. Porém, os responsáveis pelo material humano não podem ser isentos. Pelo contrário. Menos mal que Gallo já fez as malas. Agora é torcer pela debandada de outros bichos".

Penso que jornalismo é isso. É tocar nessas feridas onde poucos se arriscam e acabam pecando por omissão. Não estamos aqui nem para sermos injustos, tampouco para ficar puxando o saco de ninguém, temendo as pessoas públicas que possuem obrigações para com os outros, nos diversos setores da sociedade. Nós precisamos esclarecer os fatos e, se preciso, cutucar esses bichos que latem muito e mordem pouco, porque, do contrário, entraremos como burros nesse verdadeiro zoológico.

*Revisada às 9h08 do dia 10 de julho.

Depois de senador, deputado apresenta proposta que pede volta do diploma de jornalismo

Da redação do portal Comunique-se

O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) protocolou na quarta-feira, 8 de julho, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reestabelece a necessidade do curso superior em jornalismo para o exercício da profissão. Para a apresentação da proposta, foram recolhidas 191 assinaturas, 20 a mais que o mínimo necessário.

“Foi extremamente importante a rápida reação da sociedade, desaprovando o absurdo cometido pela Corte Suprema brasileira, e que abriu precedente para a desregulamentação de outras profissões”, comentou o deputado sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal, que derrubou a obrigatoriedade do diploma.

Pimenta defende a volta da obrigatoriedade do diploma porque, em sua opinião, o jornalismo não se trata de uma “simples prestação de informação”.

“Essa atividade é mais do que a simples prestação de informação ou a emissão de uma opinião pessoal. Ela influencia na decisão dos receptores da informação, por isso não pode ser exercida por pessoas sem aptidão técnica e ética”, afirmou.

No dia 1º de julho, o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) também apresentou, na outra Casa parlamentar, PEC que pede o retorno da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Jayme Caetano Braun: 10 anos sem o gênio das Missões

Nós, gaúchos, somos dotados de uma identidade cultural ímpar. Não quero dizer que a nossa cultura é melhor ou maior do que qualquer outra deste país de dimensões continentais que é o Brasil - não acredito nisso, nem gostaria de acreditar. Mas lá no Rio Grande do Sul, meus caros, especialmente lá, há uma verdadeira nação, mesmo que num aspecto micro, dentro desta nação em que nos encontramos.
Nossa poesia, nossa música, nossa culinária... Tudo é muito peculiar lá nas bandas do Uruguai, onde o vento Minuano sopra gelado e, se for por algum motivo menosprezado, corta a carne até sangrar. Também por essas razões que acabo de enumerar, boa parte das pessoas dos demais estados brasileiros desconhecem as raízes rio-grandenses. Somos bairristas demais, é verdade, o que tem o seu lado bom e ruim - como tudo na vida. O Brasil conhece pouco de nós, mas vejam que coisa curiosa: nós também somos Brasil, tchê!
Jayme Guilherme Caetano Braun é desconhecido em quase todo o Brasil, menos no Rio Grande do Sul, onde é quase um deus, tal qual Getúlio. Verdade seja dita: ele é famoso demais nos países vizinhos, como Argentina, Uruguai e até na Bolívia. Ele foi um grande poeta gaúcho, ou melhor dizendo, um "payador". Era conhecido, em verdade, como "El Payador". Jayme não era um poeta gaúcho universal como Quintana. Também não era um escritor gaúcho universal como Scliar. Pasmem: ele não era um artista gaúcho universal como Elis. Jayme era tudo isso, e mais um pouco, em nível regional. Em essência, era gaúcho. E só.
Ele nasceu em 1924, em Timbaúva (RS), atual Bossoroca, distrito de São Luiz Gonzaga, na região dos Sete Povos das Missões. Durante a sua carreira, escreveu livros, poemas e canções para enaltecer o Rio Grande do Sul. A essência do homem do campo gaúcho. O que Luís Gonzaga é para os nordestinos, bem, Jayme Caetano Braun é para os gaúchos, logo, sua importância significa muito.
Eu o conheci ainda criança, mas nunca pessoalmente. Meu padrinho e tio Murilo (meu segundo nome é uma homenagem a ele) me ensinou a gostar dele por causa de um poema, transformado em canção. Chama-se "Bochincho". Não irei descrevê-lo porque talvez seja heresia. Pesquisem, digitem este nome na barrinha do Youtube, recorram ao "santo Google", enfim. Deixem de preguiça. Está certo que para entender o poema/canção se faz necessário o auxílio de um dicionário de gauchês, mas essa já é outra história.
Há exatos 10 anos, o coração deste gênio, chamado Jayme Caetano Braun, parava em Porto Alegre. Era o momento de descansar um pouco, depois de tantas peleias pelas querências e pagos deste "Brasil Grande do Sul". Deve morar em uma nuvem em forma de fazenda no interior do céu, ouvindo os acordes precisos e melancólicos da gaita de um negro campeiro, admirando o zunido do vento ante as lanças de um índio (seria Sepé Tiaraju?), e é claro: a beleza morena da china que se banha nua, numa fonte do rio Uruguai.
Que saudade!

terça-feira, 7 de julho de 2009

No buzú: escambo na era do capital de giro e empreendedorismo digital

Foto: ianpozzobon


Por Carlos Eduardo Freitas* [cadusongs@yahoo.com.br]


A barba e o cabelo por fazer já o entregavam. Havia algo de errado. Aparência truculenta e sisuda converter-se-ia, em instantes, em uma postura de fragilidade e abnegação. Aquele homem, mais um anônimo desses que pedem esmolas em ônibus, diferenciara. A inovação não parecia ser uma estratégia de marketing, mas uma humilhação daqueles que têm que dar a própria dignidade, em troca de uns trocados, para sustentar a família.


Logo no discurso ele surpreendera. “Gente, entendo que é chato para vocês ouvir logo cedo alguém pedindo no ônibus, sei que vocês estão cansados de saber que tem muitos que fingem que são aleijados, desempregados. Mas, no meu caso é diferente. Eu não peço dinheiro. Graças a Deus tenho dois braços fortes para batalhar por meu sustento. Se vocês estiverem precisando de alguém para carregar areia, arenoso, fazer qualquer serviço, por favor me deem essa oportunidade” – ia comovendo os passageiros.


Ele surpreendia ainda mais: “Se vocês não puderem me pagar com dinheiro, por algum serviço que estejas precisando que eu faça, eu aceito alimentos não -perecíveis em troca do meu trabalho”.


Com voz trêmula, o homem exibia a carteira de trabalho, velha, na qual expunha o carimbo do cadastro do SineBahia - uma espécie de agenciador de empregos do Governo do Estado - que lhe dá esperanças de arrumar um bom emprego. Dentro da carteira de Trabalho o homem trazia também as carteiras de identidade dos seis filhos que tem. “Tento sair mais cedo de casa, para que meus filhos não me vejam retirar-se sem tomar café, para que fique algo para eles comerem, mas sempre tem aquele que não dorme direito à noite e acaba vendo. Isso me dói, ver a reação deles” – desabafava o pobre homem.


Não teve quem não ajudasse. Mas, como nós que vivemos abaixo da linha do equador adoramos a facilidade que o capitalismo nos traz, o homem saiu sem um emprego arranjado, mas com um bom trocado no bolso. Digamos que cerca de 90% dos passageiros deram dinheiro a ele - e não foram moedinhas não! Teve até uma senhora que disse: “Estou indo ao mercado, meu filho, se quiser me acompanhar, compro umas coisas para você”. O homem, grato pela solidariedade que lhe foi declinada, respondera: “Sim, eu vou”!


*Carlos Eduardo Freitas é jornalista e colabora com este Blog desde janeiro de 2009.


Marcos Dias lança livro de poesia nesta terça-feira, no Rio Vermelho

Foto: Carolina Miranda
No ambiente estilizado da livraria Tom do Saber (junto ao restaurante Tom do Sabor), no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, o jornalista, dramaturgo e poeta Marcos Dias lança o seu livro de poesias intitulado "Ananke", a partir das 19h desta terça-feira, 7 de julho. Publicada pela P55 Edições, a obra reúne 47 poemas que abordam a vida humana. A mitologia grega cita Ananke como uma divindade que personificava o destino.

O livro de autoria de Marcos Dias integra a coleção Cartas Bahianas da P55 Edições. Além deste trabalho, também serão lançados na noite de hoje "As receitas de Mme Castro", da dramaturga e escritora Aninha Franco, e "Ao longo da linha amarela", do poeta e prosador João Filho. Detalhe: as três obras saem por apenas R$ 25 (oferta válida somente durante o lançamento). Individualmente, os livros custam R$ 10. Eles também são comercializados através do site www.p55com.br

Escritores opinam sobre o "boom" da literatura na internet

Foto: adrenalin
Existe vida inteligente na internet quando o assunto é a literatura? Escritores de formações culturais distintas como Beatriz Resende, Marcelino Freire, Chico Buarque e Humberto Werneck debateram o tema, mesmo que em eventos separados, durante a 7ª Festa Literária de Paraty (Flip), realizada entre os dias 3 e 5 de julho, no Rio de Janeiro. Algumas opiniões são mais otimistas e seguem o embalo de fenômenos da web como os blogs e o Twitter. Outras demonstram cautela, e preferem esperar mais tempo. (Leia a matéria feita pelo blogueiro na íntegra, no portal EcoDesenvolvimento.org)

domingo, 5 de julho de 2009

Se a moda pega...

Quanto custa acusar um jogador do seu time de "frouxo", devido ao fracasso nas finais do campeonato nacional? Bem, na Colômbia, o preço foi a vida do eletricista Israel Campillo, de 27 anos. Ele teria sido assassinado pelo meia Javier Flórez, do Atlético Júnior, que teve o seu desempenho criticado pela vítima. Para o azar do crítico, o "atleta" colombiano estava armado, e acabou assassinando-o.
O jogador de 27 anos fugiu a pé do local do crime. O grupo que acompanhava Campilla destruiu o carro de Flórez com pedras e outros objetos. Foragido, ele está sendo procurado pela polícia da cidade de *Barranquilla. O clube dele, o Atlético Junior, ainda não se pronunciou sobre o caso. O time acabou derotado nas duas partidas da final do torneio Apertura, quando o Once Caldas sagrou-se campeão.
Já pensou se a moda pega aqui no Brasil?
*Com informações de agências internacionais.

Reação: segunda-feira será marcada por ato político em Salvador, contra a decisão do STF

Jornalistas, professores e estudantes de jornalismo estão convidados para a Assembleia Geral - Ato Político marcada para esta segunda-feira, 6 de julho, a partir das 18h30, a ser realizada no Auditório do Sindicato dos Bancários da Bahia, em Salvador. O evento marcará a campanha em defesa da profissão de jornalista. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a obrigatoriedade do diploma para que a profissão seja exercida não vale mais a partir deste ano.

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sábado, 4 de julho de 2009

O presidente do Grêmio deveria expulsar os racistas; a delegada deveria prendê-los

Não bastou o atacante argentino Maxi Lopes, do Grêmio, ter xingado o jogador Elicarlos do Cruzeiro de macaco, durante a primeira partida das semifinais da Taça Libertadores da América, há duas semanas, no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte. Na quinta-feira, 2 de julho, alguns torcedores do clube gaúcho, situados nas sociais do estádio Olímpico, em Porto Alegre, imitaram os sons emitidos pelo animal a partir do momento em que Elicarlos, que é negro, aquecia para entrar no gramado, no segundo jogo da decisão entre as duas equipes.
Sobre este fato, o presidente do Grêmio, Duda Kroeff, afirmou ao portal CLicRBS: "Quero ver essas pessoas identificadas e punidas. Se forem sócios, serão expulsos do Grêmio e impedidos de voltar ao Olímpico. O Grêmio não é um clube racista!".
A 2ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, por meio da delegada Adriana Regina da Costa, requisitará fitas de vídeo ao Grêmio com o objetivo de identificar os torcedores que imitaram um macaco quando o jogador do Cruzeiro estava prestes a estar em campo.
Ao que me parece, os tais "torcedores", se é que eles merecem serem chamados assim, esqueceram dos jogadores negros que honraram como poucos a camisa estrelada do Grêmio, como Everaldo, Alcino e Ronaldinho Gaúcho, apenas para citar alguns. Discordo que a instituição Grêmio seja racista. Mas muitas vezes presenciei tanto no estádio Beira-Rio, como no Olímpico, gestos racistas de parte da torcida gremista, que costuma chamar os colorados de "macacos" ou "macacada", certamente uma alusão ao fato de que a maioria dos negros do Rio Grande do Sul torcem para o Inter.
Eu espero, sinceramente, que o presidente Kroeff expulse esses racistas travestidos de torcedores do Grêmio, e que a delegada Adriana os prenda na 2ª DP. Do contrário, começa a ser fixada a estigma de que o tricolor gaúcho é um clube racista, e que os seus torcedores também o são.
Expulsão do clube e cadeia neles!

Chico Buarque: "a imaginação já não existe mais, agora tudo está no Google"

De Chico Buarque, ao participar da Festa Literária de Paraty (Flip), no Rio de Janeiro, na sexta-feira, 3 de julho. Na ocasião, um dos ícones da Música Popular Brasileira também afirmou que "escrever é uma chatice", ao deixar claro sua preferência pela leitura.