sexta-feira, 6 de março de 2009

Histórias de milagres envolvem a construção da Igreja de Santo Amaro de Jiribatuba

Texto: Carlos Eduardo Freitas e Murilo Gitel
Fotos: Adílton Borges, Alex Jordan, Carlos Eduardo Freitas e Murilo Gitel
Fonte: "A Ilha de Itaparica", de Ubaldo Osório

Final do século 15. É neste período que alguns historiadores e populares afirmam que começou a vida religiosa em Santo Amaro do Catú. Numa bela colina construíram uma igreja, dedicada à Santo Amaro, um monge beneditino. Era um tempo muito difícil, porque centenas de pessoas que habitavam o local morriam devido a doenças, como a lepra (provavelmente trazida pelos colonizadores portugueses).

Em 1583, teriam morrido 30 mil índios, dos 40 mil existentes à época. Em livros antigos, as datas da suposta fundação da paróquia são desencontradas: 1604, 1606, 1608, 1643 e 1693 são as mais constantes.



Padre João Vieira de Barros relatou que, em 1757, havia 187 fogos na paróquia de Santo Amaro do Catú e 2897 almas (pessoas). Em 1787, foi colocada em Santo Amaro uma companhia de soldados, mais ou menos 75 praças. No passado, Jiribatuba era chamada de Paróquia de Santo Amaro do Catú. Sobre esta localidade, assim fala Ubaldo Osório, no seu livro “A Ilha de Itaparica”: “Muito próximo de Cacha Pregos está Santo Amaro de Catú, freguesia criada em 1643 pelo bispo Dom Pedro da Silva Sampaio” (p. 122).

A igreja do lugar foi edificada no alto do morro, que os primeiros habitantes chamavam Catú, pela sua beleza panorâmica. Santo Amaro do Catu, na linguagem do gentio (pessoas não batizadas), era o mesmo que dizer: “Santo Amaro do morro bonito”. Em 1934, um prefeito famoso por ações inúteis e vazias, ao achar que os primeiros povoadores haviam errado o nome da terra que povoavam, sugeriu um nome que lhe parecera mais expressivo: Santo Amaro de Itaparica.


Milagres, lendas ou excessos da fé?

Três meninos teriam visto um frade falando com os passarinhos numa cajazeira. Eles correram para chamar os pescadores, que nada viram. Numa nova aparição, o frade estava transformado numa imagem. Levaram-na para uma residência, mas, no dia seguinte, reapareceu na cajazeira. O fato repetido determinou a construção de uma igreja, no alto da colina. Um frade beneditino identificou a imagem: era Santo Amaro, da ordem de São Bento.


A imagem tornava-se muito pesada, sempre que tentavam retirá-la do seu lugar. Uma vez, queriam levá-la em romaria marítima. O vento contrário foi tal que tiveram de retornar. A casca da cajazeira é ainda hoje muito procurada para chás que curam qualquer doença; assim como a água da fonte vizinha denominada Fonte do Quintal, ótima para banhar feridas. Relatam-se várias curas miraculosas pela aplicação destes dois medicamentos.


Era marcante a veneração do povo ao lugar da aparição. E bebia com fé do chá feito com a casca da cajazeira, além de banhar as feridas na fonte do Quintal. Está fé é o que interessa e é por causa dela que o padre celebrou missa junto da cajazeira e da fonte do Quintal.
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O povo queria construir uma igreja maior para Santo Amaro. Uns pescadores foram fazer feira em Nazaré. Então um frade disse a eles que tinha um frete de madeira para a construção da Igreja de Santo Amaro. Felisberto e Firmino, os dois pescadores que tinham ido a Nazaré, descarregaram a madeira, no porto de Jiribatuba, para a reconstrução da igreja.

Da madeira embarcada em Nazaré, o frade havia pago o frete. Ninguém de Jiribatuba a tinha encomendado. Os pescadores levaram a madeira até a capelinha, ficaram assombrados ao entrar na Capela e constatar que a imagem de Santo Amaro se parecia demais com o frade que entregou a madeira em Nazaré: novo milagre de Santo Amaro, que teria dado, pessoalmente, a madeira para a reforma de sua igreja.

*Na próxima segunda-feira, 9 de março, a terceira reportagem da série "Tesouros de Vera", aqui no Blog. Em destaque: a desconhecida Revolução do Funil e os mistérios da fonte 'Chico Leite'.

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