quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Entrevista com Felipe Pena

Crédito da foto: site de Felipe Pena



Felipe Pena de Oliveira é jornalista, professor e escritor. Atualmente, leciona no mestrado e doutorado em Comunicação na Universidade Federal Fluminense (UFF). É Doutor em Letras pela PUC-Rio, além de ser Pós-Doutor pela Université de Paris - Sorbonne III. Autor de oito livros, dentre os quais Jornalismo Literário e Teoria do Jornalismo, o pesquisador acaba de lançar sua primeira obra de ficção, um romance policial intitulado O Analfabeto que passou no Vestibular, pela editora 7 Letras. Os quatro primeiros capítulos podem ser lidos no próprio site de Pena na internet.
Adepto do polêmico conceito chamado de "Jornalismo de Ficção ou Ficção Jornalística", que causa aversão em muitos jornalistas na academia [que pensam ser contraditória a idéia de ficção numa área que busca a realidade dos fatos], ele concedeu entrevista exclusiva ao Blog. Com o objetivo de trazer para o leitor diferentes visões sobre os mesmos temas, optei por repetir as perguntas que fiz ao também jornalista, professor e escritor Edvaldo Pereira Lima.
Blog: Professor, na coluna de Celso Falaschi intitulada"Livro-reportagem ou reportagem grande?" publicada no site Texto Vivo,ele faz uma provocação a respeito do conceito equivocado que muitosestudantes de jornalismo têm sobre o tema. Tem muita gente pensandoque a criação não tem nada a ver com disciplina?
Felipe Pena: O Celso é um professor que eu admiro muito. A criação é fundamental. É preciso um espírito criativo e musical para enveredar pelo tema.
Blog: O professor Edvaldo Pereira Lima afirma que o gênero engloba apenas o real factual, seja na veracidade ou na verossimilhança, já que seus procedimentos operacionais são jornalísticos. Para ser mais completo do que as redações de jornais, o que o Jornalismo de profundidade deve buscar?
Felipe Pena: Agora eu discordo. Defendo a chamada ficção jornalística, que é um texto ficcional baseado em reportagens de jornal. Acho que a ficção pode falar muito melhor sobre a realidade. Fiz isso em meu último livro "O analfabeto que passou no vestibular". Dá uma olhada nele no site http://www.felipepena.com/
Blog: Quais são os teus livros-reportagens de cabeceira? E quais autores merecem toda a atenção e credibilidade no gênero?
Felipe Pena: Na cabeceira, só jornalistas que fazem ficção, como o Gabriel Garcia Marquez ou o Cony.
Blog: Qual seria a(s) diferença (s) de livro-reportagem para romance-reportagem?
Felipe Pena: Ambos têm compromisso com a realidade. Tentam repetir um pacto referencial que, na verdade, não existe. Por isso, prefiro a ficção jornalística.

Blog: Desde Hiroshima e Capote o movimento Novo Jornalismo parece ter lugar de destaque no gosto dos leitores. E atualmente, o livro-reportagem ainda tem espaço no mercado, levando-se em consideração também o boom da internet?

Felipe Pena: Tem espaço. Basta ver os lançamentos das editoras.
Blog: Normalmente ocorre uma grande confusão quanto aos conceitos. Jornalismo Literário, Literatura de Não-Ficção e Literatura de Realidade diferem em algum aspecto?
Felipe Pena: São conceitos diferentes. No meu livro "Jornalismo Literário" mostro como o primeiro é um gênero do discurso, tendo os demais com seus sub-gêneros.

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