quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Estranho sequestro

Em tom dramático, a apresentadora do Jornal Nacional, Fátima Bernardes, anunciou na edição desta terça-feira, 19, que uma equipe de reportagem da TV Globo foi feita de refém de integrantes do Hezbollah (Partido de Deus), no Líbano. Segundo a matéria, os correspondentes Marcos Losekan e Paulo Pimentel, além do jornalista brasileiro Tariq Saleh, colaborador da Folha de S. Paulo foram mantidos reféns durante cinco horas, ao sul de Beirute. A idéia inicial dos repórteres, de acordo com o que foi veiculado era registrar uma lanchonete inusitada, de nome "Pães e Armas", totalmente tematizada na guerra.
De repente, alguns homens chegam ao local e pedem para que os jornalistas se dirijam a um carro, onde têm os equipamentos apreendidos e passam por uma série de interrogatórios, até ser obrigados a partir no primeiro avião para Londres. De acordo com Saleh, em seu blog, não houve nenhuma agressão e/ou tortura física, apenas "moral".
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Confesso duvidar de boa parte das intenções da equipe da Globo. Eles têm mesmo a mania de querer andar acima da lei, por mais que as regras não sejam institucionais do Estado. Foi assim no caso Tim Lopes. Adotando a prática criminosa da câmera escondida (prática comum na vênus platinada), o repórter julgou que poderia passar um bom tempo no Complexo do Alemão, no Rio, fazendo imagens da exploração sexual infantil nos bailes funk's de um morro carioca. Deu no que deu. Na semana passada, o judeu Marcos Losekann e cia pensaram que poderiam "achar furos espetaculares" de reportagem no subúrbio da capital libanesa, mundialmente conhecido como território sede do Hezbollah.
Eu duvido muito que o objetivo dos 'jornalistas acima do bem e do mal' fosse apenas fazer uma matéria a respeito de uma lanchonete 'bélica' onde os sanduíches shawarma e falafel são vendidos a um preço abaixo do Mc Lanche Feliz... Foram eles que produziram o conflito. O excesso de coragem ou coragem desnecessária poderia render-lhes a morte. Mas a Globo e boa parte de seus profissionais não pensam na vida e na morte, apenas no grande furo.
O curioso é que eles falam no Hezbollah única e simplesmente como um "grupo de terroristas islâmicos". É o cúmulo da ignorância. Alô Otávio Frias Filho, alô Ali Kamel: não existe fundamentalismo islâmico, porque o Islã não prega a guerra e a discórdia no Corão. O que ocorre é a existência de milícias de fanáticos que aplicam seus ideais em nome do Islã. É a interpretação ignorante das palavras de Maomé e Alá. Além disso, o grupo que atua no Líbano é dividido nas áreas política e militar ou miliciana. O povo no Líbano ama o Hezbollah, que desempenha duas dezenas de papéis sociais nas áreas mais carentes do país. É muito mais do que uma luta contra o Estado de Israel.
Outra curiosidade bastante interessante é que as "ações terroristas" do Hezbollah são tidas como algo de outro mundo pelos repórteres da Globo. Eu pergunto: o Rio de Janeiro, que vive uma guerra civil há anos, não estaria dominado por grupos terroristas? Do contrário, o que são as milícias que atuam nos morros do Rio de Janeiro? E as chacinas cada vez mais constantes comandadas por militares em Salvador? Porreta isso. Quando é no Oriente Médio chama-se de terrorismo. Quando é na pátria das bananas, chama-se de criminosos. Que beleza, hein?
Ademais, não faço parte do senso comum que vê uma situação como a de Losekann, Pimentel e Saleh como coitadinhos. Reparem que há uma câmera escondida na matéria. Ela registra o momento do suposto sequestro. Eles cometeram um crime também, não interessa em nome de quê. Está lá na Constituição. Todos têm direito a privacidade. A Globo é a rainha da violação deste direito. Se alguém acha errado, que lute para mudar o que reza a lei.
Mas eu tenho a certeza de que o que os jornalistas queriam mesmo, era morrer como mártires.
O Hezbollah julgou que sequer valeria a pena.

Um comentário:

Anônimo disse...

Cara, mas você só fala asneira hein. Paranóico! Burlar as leis, que leis cara? O HEzbollah é um estado dentro do estado, os reporteres tinha o direito de trbalhar pq estavam com credenciais do GOVERNO libanes. Os repórteres estavam DENTRO do restaurante e fazendom uma matéria quando foram supreendidos e presos. Privacidade do que? Na rua? A camera estava ligada, sua anta, porque o Pimentel estava gravando imagens pra reportagem e continuou ligada quando foram abordados pelos caras. Meus Deus! Mas vai aprender a ver e ler cara. Ao invés disso, você vem com este papo de conspiração global. Tudo bem que eu nao sou nenhum fã da Globo, mas ae já é demais. Imbecil, burro!