sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Um trio nota dez, Estrada Velha do Aeroporto e o ''fazer jornalístico"

Foto: Kleyzer Seixas/Agência A Tarde

Os graduandos em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela UniJorge André Frutuoso, Carlos Eduardo Freitas e André Luís Gomes fizeram um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) digno da nota dez que receberam da banca de examinadores, na noite desta quinta-feira, 11 de novembro.

O livro-reportagem "Histórias de EVA" é uma grande reportagem a respeito de uma das regiões mais paradoxais de Salvador. Assolada pelo drama da violência urbana, a Estrada Velha do Aeroporto e os bairros do seu entorno são muito mais do que somente o desespero dos chamados toques de recolher, e é exatamente este ponto que eu quero ressaltar. Os meios de comunicação aqui da capital baiana tem o péssimo hábito de só retratar as tragédias sociais do lugar, deixando de lado os aspectos culturais e os projetos que visam transformar essa difícil realidade.

Quantas pessoas sabem que a origem da Estrada Velha do Aeroporto foi motivada pelos conflitos da Segunda Guerra Mundial? Que o bloco da Axé Music de mesmo nome tem essa nomenclatura justamente por conta da estrada, onde amigos se reuniam para fazer festa aos finais de semana? E a relação da misteriosa Pedra do Buraco da Onça com o Candomblé? A especulação imobiliária das grandes construtoras, o projeto Bicho da Cana, que busca fazer deste mundo um lugar mais habitável e para mais gentes...

Esta gurizada se esforçou muito para apurar as informações que coletaram e para lidar com a dificuldade de ter que trocar o suporte do TCC - que seria um documentário - a três meses da apresentação para a banca. Adversidades quanto a narrativa, linguagem e o texto de uma forma em geral eles praticamente não tiveram, porque escrevem exatamente como falam, ou seja, extremamente bem.

Eu destaco a noite desta quinta-feira porque foi um dos raros momentos em que me senti, de fato, numa academia, em uma casa de pensamento e reflexão. Foi um trabalho digno, engajado politicamente e puramente jornalístico, como bem observaram as grandes mestres Silvana Moura e Márcia Guena.





Um comentário:

Unknown disse...

Sinto-me inteiramente lisonjeado com o post, Murilo. O esforço, meu e dos meus amigos Andrés, foi em fazer não apenas um TCC, mas exercitar aquilo que tanto aprendemos ao longo destes quatro anos de academia e que iremos praticar como profissionais: a responsabilidade no fazer jornalístico. Responsabilidade com as pessoas que nos emprestam suas histórias de vida, responsabilidade com aqueles que têm acesso ao nosso trabalho, responsabilidade com nós mesmos.

Fico feliz por saber que deixo esta faculdade que, mesmo tento passado por momentos tenebrosos, contribuiu indiscutivelmente (por meio de mestres e colegas de classe) para meu amadurecimento neste campo.

Me alegro e me orgulho de ter como amigos-admiradores-correligionários Murilo Gitel, Alex Jordan, Webert, Rodrigo Severo, Danilo Reis, Rita Rosas, Evana Marmo, Conça, Danila Jesus... (a lista é grande) Esses, assim como eu, encaram o jornalismo praticado na academia como um trampolim para a vida profissional, por isso o fazem com responsabilidade, criatividade, dedicação e com a alma (não para obter apenas uma nota).

Hoje sou um jornalista (só falta a DRT!) com a certeza de que contribuí, mesmo como um estudante, para que vidas pudessem ser vistas com a dignidade que merecem. É o caso de Ana e Josué, do Comorja, aqueles a quem dedico meu muito obrigado especial pelo êxito neste TCC.

Murilão, mais uma vez, muito obrigado pelas belas palavras e para concluir, digo que ter um amigo como você me faz ser mais exigente comigo mesmo, para buscar sempre o melhor naquilo que faço: ser um bom jornalista.

Grande abraço.