quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Hoje é dia da coluna "Eu Mereço", aqui no blog

Arte gráfica: Zeca de Souza/TVE-BA

O cronista irreverente
Por Alex Jordan*
Puxa! A fase da urucubaca parece ter passado. Espero que não aconteça como nos filmes em que basta a pessoa falar e acontece alguma coisa depois da frase já batida: “O que mais falta acontecer”. O problema disso é que essa coluna fica sem sentido se não acontece nada de ruim comigo. Do que eu vou falar? Da caganeira? Não, faz um bom tempo que não as tenho. Dos foras no cinema? Nada, nem tenho convidado ninguém. Poderia recorrer a fatos passados, mas quem me conhece sabe que não me lembro nem o nome das matérias que estou pegando esse semestre, que dirá alguma mazela que me aconteceu. Dizem que quem bate esquece e quem apanha não. Eu pareço ser à exceção da regra.
Eita memória ruim. O cheiro nauseante de sabão em pó que está impregnado na minha camisa me fez lembrar de que estou sim passando por problemas. Estava prestes a escrever sobre a impressão que eu tenho de que, o mundo está ao contrário e ninguém reparou, como cantava Cássia Eller na música relicário, só que aí o sabão que exala da minha camisa reativou minhas lembranças. Fica para a próxima crônica, quem sabe não a escrevo amanhã para não esquecer? Eu sei... Duas crônicas em uma semana... É mais fácil eu ficar duas semanas sem escrever nenhuma do que realizar o feito inédito de duas em uma única semana e com um espaço tão curto de tempo.
Minha mãe viajou, foi visitar minha avó e meu irmão que moram em Sergipe. Tudo bem que é ali pertinho, quatro horas de buzão, mas não disponho de oito horas vagas no meu dia, não mais. Dizem que de todos os mamíferos o ser humano é o que mais depende dos pais para sobreviver, coisa de quatro a seis anos. Alguns passam 23 anos e continuam dependentes deles para as atividades mais simples.
Vi-me só por uma semana, minha irmã e eu. Ela se negava a colaborar com qualquer ajuda. Então, as tarefas mais complicadas da vida de qualquer homem, que necessitam de cálculos tão complexos quanto os de uma bomba de hidrogênio teriam que ser realizadas por mim: (√81/3{3+3x²+5xy}-8 = 632) E=MC². A primeira delas talvez tenha sido a mais desesperadora, cozinhar. Minha experiência na área gastronômica consiste em miojo, arroz branco e ovo cozido (o frito se alguém quebrar). Nenhuma das alternativas mataria a minha fome por 30 minutos, o que dirá por um dia inteiro. Poderia recorrer ao bom e velho almoço fora, só que a verba que custeou essa viagem saiu de minhas finanças.
Recorri a um casal de amigos, com um pacote de macarrão e uma série de temperos imagináveis na mão, para que eles me socorressem. O socorro veio, fiquei responsável apenas por fritar bifes. Alguns minutos fritando em fogo alto e percebi que os pedaços estavam quatro vezes menores do que o tamanho inicial, para não mencionar a cor e o gosto de carvão, que virou motivo de piada no refeitório. Ao menos o macarrão estava muito bom.
Mas como nem só de pão vive o homem fui lavar as minhas vestimentas e isso infelizmente ninguém aceitou fazer. Ao esfregar a primeira camisa, que por sinal nem estava visivelmente suja, meus braços “pele e osso” já não agüentava mais suspender, que dirá lavar o resto. Me lembrei das pessoas que insistem em me recomendar que eu vá para academia. Odeio pegar peso. Pagando-me eu pensaria em fazer tal coisa, mas pagar para ficar me matando, suspendendo alguns quilos, cinco, seis quem sabe?
Deixei a roupa de molho, depois enxagüei para tirar o sabão, mas tenho certeza que não saiu todo, pois o cheiro está me deixando tonto. Se eu tomar chuva, aposto que as bolhas de sabão vão tomar conta de toda a minha roupa.
Toda essa atrapalhada e mais as que não estão aqui, porque eu não lembro ou optei por não contar, por questões de puro marketing, renderam o livro O conhecimento que um parasita precisa ter para situações de emergência. O lançamento ainda não tem data prevista, mas prometo que depois dos dois mil exemplares vendidos, disponibilizarei o conteúdo na internet.
*Alex Jordan tem 22 anos e é estudante de jornalismo na UniJorge, em Salvador-BA. Colabora com este blog desde 2007.

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