quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A Carta*


Por Mário Quintana


Hoje encontrei dentro de um livro

uma velha carta [amarelecida]

Rasguei-a, sem procurar ao menos saber de quem seria...

Eu tenho um medo horrível

A essas marés montantes do passado,

Com suas quilhas afundadas,

Com meus sucessivos cadávares

amarrados aos mastros [e gáveas...]

Ai de mim,

Ai de ti, ó velho mar profundo,

Eu venho sempre à tona de todos os naufrágios!


*Publicado em Apontamentos de história sobrenatural. Porto Alegre: Globo & Instituto Estadual do Livro, 1976.

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