sábado, 3 de janeiro de 2009

Criadores e criaturas


Ok, Cazuza não foi nenhuma Madre Tereza de Calcutá, e daí? Qual é o caso?
"Cada um sabe a dor e as delícias de ser o que é" - Caetano Veloso

Sempre me incomoda a mania que algumas pessoas têm de relacionar a vida pessoal de artistas com as obras dos mesmos. Que mania cafona! Ora, o fato de que Garrincha era um alcóolatra jamais fará com que o "gênio das pernas tortas" deixe de ser lembrado pela arte de seus dribles nos gramados. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa...

Cazuza não foi nem um santo, eu sei. Aliás, se foi ou não foi, não é problema meu. Foi um compositor maravilhoso, inteligente e sensível. Sensibilizou as emoções de muitas pessoas e, por essa nobre razão, estará para sempre na história.

E o que dizer do "maluco beleza" Raul Seixas, que era viciado em cocaína, mas que deixou uma obra esplêndida para todos nós? E Elis Regina, Kurt Cobain, Renato Russo e Sérgio Sampaio? E os outros todos?

Façam-me o favor! Aprendam a separar os criadores das criaturas. Que negócio mais hipócrita! Todos nós temos fraquezas. Ninguém serve de exemplo em tudo. Nunca me esqueço da professora de faculdade que criticava o fato de que Cazuza escreveu sobre ideologia porque sequer tinha uma... Como se fosse original ter ideologia, levando-se em consideração que o conceito de ideologia já é algo totalmente pré-concebido.

E olhem que nem é preciso ter lido Marilena Chauí para chegar a essa conclusão.

Falta de educação, ignorância e hipocrisia, penso eu, são a tríade de todos os males dessa coisa chamada humanidade.

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